Mais seis horas, por favor!

- Tem Lancy?
- Me vê um Marlboro?
- Quanto é o jornal?
- Tem filme de 12 poses?
Assim é o dia inteiro na Banca República, um vai-e-vem de perguntas e respostas, produtos e dinheiro. Mas Edson tira de letra. "Trabalho aqui há seis meses, mas já me acostumei com o movimento. Comecei a convite do dono da banca que já me conhecia porque era meu cliente", diz. Antes de ser jornaleiro, Edson já era distribuidor de filmes, pilhas e produtos do gênero para lojas especializadas, bancas de jornal e outros tipos de estabelecimentos.
Todos os dias, inclusive aos domingos, Edson --que mora no Cambuci-– sai de casa às 4h30 para abrir a banca às 5h, quando já há movimento na Praça da República. "A essa hora as prostitutas estão voltando do trabalho. Às vezes elas param aqui para conversar. Falam que a vida está difícil, desabafam seus problemas. Acabo virando um conselheiro sentimental", revela Edson.
Nem sempre as coisas são tão calmas assim, como ele mesmo revela: "Ontem mesmo havia um ambulante vendendo guarda-chuvas ali na entrada do metrô. Foi ele virar as costas por alguns segundos e outro ambulante chegou também para vender guarda-chuvas no mesmo local. Quando o primeiro voltou, foi aquele quebra-pau."