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Para reviver um pouquinho do Centro visto pelos seus personagens.

06/12/2025 26.28 ºC, São Paulo

O nome é Sábado, mas pode chamar de Centro de São Paulo

Lembro de uma época em que cinema nacional era sinônimo de filme mal feito. Ainda hoje o orçamento continua restrito, mínimo se compararmos aos padrões hollywoodianos, mas a qualidade de nossas fitas atingiu um patamar infinitamente superior àqueles dias. Dias em que o áudio não falava com o vídeo. A falta de sincronicidade era uma constante no produto nacional visto na tela grande, criticado com razão.

Apenas os filmes dos Trapalhões levavam os brasileiros ao cinema (Xuxa, rainha das bilheterias nacionais da atualidade, ainda engatinhava com seu programa na extinta Manchete). Não se faziam, portanto, filmes para adultos. Até mesmo a pornochanchada, comum nos anos 80, praticamente inexistia. A luz no fim da sala de cinema Sábado veio para mim como um divisor de águas. Foi este filme que mudou a minha opinião sobre o cinema nacional. E não foi só comigo. Muitas pessoas também viram e gostaram. O filme, dirigido por Ugo Giorgetti, foi o mais visto naquele longínquo ano de 1995. Vindo da publicidade, Giorgetti não contou com orçamentos astronômicos. Sua situação era semelhante à enfrentada pelos demais cineastas. Por que deu certo, então? Simples, o argumento de seu filme era diferente: inteligente, simples e divertido. Num sábado (claro!) uma empresa produtora de filmes invade um prédio no Centro de São Paulo para filmar um comercial e lá, tudo pode E VAI acontecer. Duas pessoas da equipe de filmagem vão dar uma volta no decadente edifício em busca de um vitral que dizem ser belíssimo. Magda (Maria Padilha) acaba presa no elevador junto com dois funcionários do IML (Otávio Augusto e Tom Zé), um defunto e um rapaz (André Abujamra) que ajuda os dois a carregar o "podrão" - forma como Otávio Augusto se dirige ao velho que morreu. O prédio, que teve nos anos 30 o seu auge, está acabado. Seus moradores são pessoas da classe baixa e há no edifício até mesmo um templo evangélico. Uma análise fria dá conta que o Edifício das Américas representa, metaforicamente, o Centro paulistano - uma área que já foi bonita, rica e bem frequentada. Podrão não Coincidentemente, na mesma época que vi o filme, conheci a Galeria do Rock. De lá para cá, muitas coisas mudaram. A maioria, para melhor. Há hoje uma preocupação em restaurar a mais antiga e bela área da cidade. Deste esforço surgiram locais próprios para o comércio (gerador de empregos), como o Shopping Light, a reforma do Vale do Anhangabaú (que voltou a ser transitável) e até mesmo as escadas rolantes da Galeria funcionam - não sempre, mas funcionam ;-) Espero que esta preocupação com o centro não seja passageira como foi a passagem do pessoal que foi gravar o comercial da colônia "Winter". São Paulo não merece o apelido de "podrão". (23/03/2001) Por Marcelo Forlani (marceloforlani@aol.com) www.omelete.com.br

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