Vai um Brahma aí?
Noite típica paulistana. Garoa. Boemia. Chope gelado. “Sampa” tocando ao som do saxofone ao fundo.

Assim foi a reinauguração do Bar Brahma no começo de janeiro. Com casa lotada --claro, um bom filho não desmerece os seus patrícios--, a esquina da Avenida Ipiranga com a São João voltou a ter significado cultural.
E é dessa forma que deve continuar, se depender dos sócios Luis Marcelo Lacerda, Alvaro Aoas e Rosalem Prado.
Tudo começou em 1948, com a fundação pelo alemão Henrique Hillebrecht. Ilustres logo se tornaram frequentadores: Fernando Henrique Cardoso, Jânio Quadros, Ari Barroso, Caetano e Gil. Adoniran Barbosa também tinha uma mesa cativa no local.
E assim foi até 1997, quando o bar entrou em decadência, mudando o chope de Brahma para Kaiser, o nome para São João 677 (em referência ao endereço) e crescendo em dívidas. Fechou, deixando os paulistanos um tanto órfãos.
Em 98, os três sócios se interessaram por renovar o lugar. “Acabamos não conseguindo fechar o negócio. Ia ficar muito caro. As dívidas não compensavam”, conta Lacerda.
Mas a idéia não morreu. Mais tarde, com a casa já fechada há três anos, eles resolveram retomar o projeto. “O Alvaro é que fica me chamando para essas histórias sem pé nem cabeça. E eu acabo gostando e abraçando os projetos malucos dele”, diz Lacerda.
O bar foi todo restaurado. “Primeiro foram uns seis meses para convencer a imobiliária a concordar com o projeto. Tinha até uma proposta de transformar a casa em bingo! Mas acabaram gostando foi da nossa idéia”, continua. Depois, rolou mais um tempo para a Brahma querer patrocinar e outros seis meses para a reforma no estilo dos antigos cafés. “Mas com cara de bar. Para isso, reformamos dos lustres até os dois pianos de cauda. Falta chegar só um deles, um de meia-cauda, que vai ficar no salão principal.”
No entanto o carro-chefe não são os lustres nem a música. É o chope. Tirado na hora, com uma torneira só para a espuma.
“Procuramos inovar e, ao mesmo tempo, manter a tradição com qualidade. Por isso investimos nos shows e no novo visual. Mas o clima antigo e o gostinho do chope continuam os mesmos”, completa Lacerda.
Há duas entradas para o Brahma: pela avenida Ipiranga (ao lado do Cine Marabá) e pela São João, o acesso principal, onde é vizinho de um outro boteco, sem nem um pinguinho do seu charme. (16/03/2001)
Serviço:
Bar Brahma
Avenida São João, 677, República, tel. 3333-0855. 500 lugares.
Horário: seg. a sáb., 24 horas. Fechado aos domingos.
Cons. mín.: R$ 10 (mulher) e R$ 15 (homem). Couv. art.: R$ 8 a R$ 10. Estac. c/ manob. (R$ 7)