Gente é História viva

Até 28 de fevereiro, quem passar pelo Metrô Sé poderá conferir o resultado da pesquisa realizada pelo Museu da Pessoa nos bairros do Brás, Liberdade e Itaquera. “O trabalho foi encomendado pelo Metrô com o intuito de saber como a chegada das estações a estes bairros afetou a vida dos moradores”, explica a historiadora Cláudia Leonor, uma das participantes do projeto. A exposição "São Paulo no Trilho do Tempo" mostra fotos das pessoas entrevistadas e dos três locais e frases colhidas durante o processo. "Os moradores do Brás, por exemplo, são saudosistas, dizem que o bairro é de um tempo que já se foi, quando as pessoas colocavam cadeiras nas portas das casas", diz. Além das estações de Metrô e da participação na pesquisa, os três bairros têm em comum a concentração de imigrantes, segundo Cláudia. "No Brás, foram os espanhóis, italianos e portugueses. Na Liberdade, japoneses e coreanos. E em Itaquera, japoneses, espanhóis e italianos." E completa: "Até os anos 60, considerava-se Itaquera como zona rural, pois havia fazendas. Depois, virou cidade-dormitório, ou seja, as pessoas moravam lá e trabalhavam no Centro. Daí a saturação da linha leste-oeste, do Mertô que liga estes dois pontos. Hoje é que estão começando a aparecer as oportunidades por lá." O Museu da Pessoa conversou com associações comerciais e de bairros e pessoas de profissões e ascendências diferentes. "É emocionante ver a História sendo tecida por depoimentos de anônimos. A gente acaba descobrindo que cada pessoa é um universo e tem algo muito legal para contar." Uma das personagens que mais marcaram Cláudia foi um senhor de 121 anos que foi filho de escravos. "Ele passou a tarde me chamando de sinhazinha, achei aquilo muito curioso. É a História viva!" Quando a exposição acabar, cada parte segue para a estação de metrô de seu bairro correspondente (Brás, Liberdade e Corinthians-Itaquera). (17/02/2001) Serviço:
Exposição "São Paulo nos Trilhos do Tempo"
Até 28 de fevereiro, das 5h às 0h
Metrô Sé
Entrada Franca