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Para reviver um pouquinho do Centro visto pelos seus personagens.

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Pascaligundum, pascaligundum, pascaligundum

Toninho, 72 anos, é um dos fundadores do Demônios da Garoa, grupo famoso por canções como "Saudosa Maloca", "Samba do Arnesto" e "Trem das 11" na voz de Adoniran Barbosa. Os 57 anos de carreira lhes renderam uma inserção no Guiness Book (o livro dos recordes) como o grupo vocal mais antigo da América Latina. "E estão pesquisando se não somos também o mais antigo do mundo", conta Toninho, que começo a tocar cavaquinho com seis anos, mas fez sucesso com seu violão tenor. Hoje é considerado o único músico no Brasil que toca esse instrumento. "Tinha mais gente que tocava, mas morreram todos. E os mais jovens se interessam por outras coisas", explica. Em 1994, ele sofreu um acidente que causou rompimentos nos ligamentos das mãos, o que o impediu de continuar tocando, apesar das quatro operações. Toninho montou o grupo em 1943, depois que conheceu Arnaldo (falecido em fevereiro de 2000) em um programa de rádio. Toninho estava no grupo "Bandeirantes do Luar" e Arnaldo, no "Grupo do Luar". "Adotamos o nome 'Grupo do Luar', mas o Vicente Leporace, que era locutor da Rádio Bandeirantes, dizia que o nome não ia pegar. Ele pediu para os ouvintes sugerirem nomes. Como ele sempre nos chamava de 'endiabrados', um ouvinte pegou a idéia e juntou com a imagem de São Paulo ser a 'terra da garoa'. Assim surgiram os 'Demônios da Garoa'", conta. Hoje o grupo é considerado a trilha sonora dos paulistanos e faz sucesso em outros países, como Argentina e Uruguai. (25/01/2001) Onde fica a "Saudosa Maloca" de vocês? Ela existiu mesmo?
Toninho - Não, isso era aquele palavreado do Adoniran. Ele chamava aqueles prédios antigos da Rua Aurora e região de 'maloca'. Surgiu daí o samba. Como está sendo a maratona de tocar em dois eventos, no aniversário de São Paulo? (Eles se apresentam na esquina da Av. Ipiranga com a São João, no dia 24, na Pinacoteca, no dia 25, e no Sesc Pompéia, no dia 26.)
Toninho - É legal. Muita gente não vai ao Centro por causa dessa onda de violência e os shows dos dias 24 e 25 vai levar as pessoas para lá. E você, vai para o Centro?
Toninho - Claro, tenho um escritório na Barão de Limeira, passo todos os dias por lá. Morava ali também, mas mudei para o Jabaquara por questões de segurança. O que é o Centro para você?
Toninho - É onde tudo começou, o carro-chefe da cidade que impulsionou o crescimento dos outros bairros. No Centro tem de tudo, qualquer tipo de cozinha que você imaginar, você encontra lá. Por exemplo, tem o Parreirinha (Rua General Jardim, 284, tel. 259-6887 e 259-6838) onde até hoje tem a cadeira cativa do Adoniran. A Inezita Barroso freqüenta o restaurante umas três vezes por semana. Qual o significado do "samba errado" para vocês hoje? (O samba de cantar com a letra errada, como "nóis fumu, mas num incontremu ninguém".)
Toninho - Não é bem errado, é o palavreado de quem não conheceu o português e quer dar uma de bom. Foi também um jeito de criarmos um estilo próprio e nos identificarmos com São Paulo, cantando "italianado". Afinal, na cidade tem mais italiano do que outra coisa! O melhor show que vocês fizeram até hoje.
Toninho - Foi no Vale do Anhangabaú, um show grande para umas 200 mil pessoas. Teve Gal Costa, Caetano e outros. Qual o legado que o grupo vai deixar?
Toninho - A vontade de ter agradado todo mundo, de fazer a nossa terra feliz. Temos muito o que agradecer a São Paulo, que nos acolheu tão bem e nos deu tanto carinho em todos esses anos de estrada. O símbolo de São Paulo.
Toninho - Para mim é a Avenida Paulista, um local alto, privilegiado, onde estão concentrados os bancos, o comércio... Um presente para a cidade.
Toninho - Que fosse mais limpa, mais cuidada. Antigamente a prefeitura lavava as ruas todas as noites, você mal via papel no chão. A cidade tão bonita, limpinha. Se bem que haja água para lavar São Paulo inteira toda noite!

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