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Para reviver um pouquinho do Centro visto pelos seus personagens.

06/12/2025 25.35 ºC, São Paulo

Para sempre que te quero Centro

Aluna da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP), Ruth Verde Zein se formou em 1977 com uma vontade: mostrar que a arquitetura brasileira não tinha parado em 1960, com a construção de Brasília, por Oscar Niemeyer. Hoje, dá aula no Mackenzie. "É ótimo, fica perto do Centro, que eu adoro, e tenho muito mais liberdade para ensinar." Há quatro anos, pôde se dedicar ao que ela acredita ser seu real objetivo: livros. Dúzias deles. "Escrevi uma espécie de portfólio a pedido do arquiteto Paulo Mendes da Rocha, que ganhou em 2000 o Prêmio Mies van der Rohe de arquitetura latino-americana com o projeto de restauração e adaptação da Pinacoteca do Estado", conta Ruth. Agora, finalizou seu mais recente projeto: em parceria com a sócia Anita Regina Di Marco, conta a história da formação e do restauro da Sala São Paulo. E ela não pára: continua escrevendo para revistas especializadas estrangeiras e para um site (www.tecto.com.br). "E, em breve, espero retomar um projeto antigo de fazer um guia sobre a arquitetura paulistana." Foram seis meses gastos no levantamento e documentação e outros três para a produção de "Sala São Paulo de Concertos - Revitalização da Estação Júlio Prestes". "Na verdade, o livro é mais que apenas a história da Sala São Paulo. Ele tem a pretensão de desvendar a arquitetura como força motriz da transformação de um espaço. Neste caso, o Centro de São Paulo, que é a minha paixão." Ela foi apresentada ao seu eterno amor ainda menina. "Eu conheci o Centro quando era criança. Meu pai me levou em um passeio de bonde, que descia no Vale do Anhangabaú, e me mostrou toda a geografia do lugar: as vielas, os becos, as esquinas. Tudo ficou familiar", ela se delicia contando. "Recentemente, ele levou a minha sobrinha, que é um pouco mais velha que minha filha. E eu já pedi a ele para levá-la assim que os dois tiverem um tempinho livre." Com lançamento marcado para o dia 22 de janeiro, na sala que serve de tema para o livro, a publicação desfaz mitos como o da autoria por uma empresa norte-americana. "A Artec foi contratada para fazer uma consultoria acústica, mas o projeto arquitetônico é de Nelson Dupré", diz. Dividido em cinco capítulos, o livro foi escrito como uma peça sinfônica. "A música é outra paixão minha e da Anita." Ela ainda conta que a Sala São Paulo é uma obra inacabada. "A cidade de São Paulo inteira é inacabada. Faltaram as torres, que ficaram para ser construídas depois. O livro é para todo mundo, afinal quem não gosta do Centro?" Ruth dá um baile de Centro e dá dicas para passeios: "Agora, com meus três filhos, tenho menos tempo. Mas ainda vou para lá aos finais de semana. Concertos valem ser vistos na Sala São Paulo e no Teatro Municipal. A Pinacoteca é simplesmente ma-ra-vi-lho-sa. Mas, se quiser comer bem, vale ir a um restaurantezinho vegetariano no terceiro andar de um prédio na Barão de Itapetininga. É baratinho", aconselha. Mas ela também sabe fugir do circuito tradicional. Escondida em um dos andares da Casa Fretin, na Rua São Bento ela descobriu uma livraria esotérica. "Na época, todo mundo achava um absurdo estudar essas coisas. Eu sempre gostei. E era ótimo, porque eu podia me esconder ali tranqüilamente, sem ninguém me incomodar, e ler bastante." "Eu acho que o Centro só precisa de investimento. O Paulo Mendes da Rocha tem um projeto lindo de fazer uma marquise para a passagem entre a Galeria Prestes Maia e o Viaduto do Chá. Só precisa alguém querer..." (19/01/2001) Serviço:
"Sala São Paulo de Concertos - Revitalização da Estação Júlio Prestes: O Projeto Arquitetônico" (edição bilíngue português/inglês, 256 páginas)
Autoras: Anita Regina Di Marco e Ruth Verde Zein
Editora Altermarket

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