Escritor por acaso

O internauta Marco André Moreira formou-se em administração de empresas na FGV (Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo) em 1997. O baile de formatura aconteceu na Estação Júlio Prestes, que na época comemorava 130 anos de inauguração. Marco conta pra gente, em um relato bem-humorado, como foi a festa. E como é ser escritor por um dia. O texto ficou um pouco grande para ser colocado em um site, então, aqui está apenas um trecho. Para ler o relato na íntegra (o que vale a pena mesmo!!), clique aqui.
Finalmente, o grande dia havia chegado. Parecia até que havia pouco tempo que tínhamos entrado na FGV. Mas não! Quatro anos haviam se passado e tampouco chegamos a perceber isso! De manhã, teríamos a cerimônia de colação de grau na Júlio Prestes. Meus pais haviam chegado do interior na sexta-feira, juntamente com uns poucos parentes que se habilitaram a viajar quatrocentos quilometros de Franca até São Paulo.
No dia seguinte, sábado, os formandos entraram no salão da Júlio Prestes magnificamente ao som de um trem desembarcando numa plataforma (piegas, não?) e o resto da cerimônia não fugiu àquele esquema padrão de qualquer colação de grau. Eram quatro turmas de formandos. Portanto, foram quatro discursos de paraninfos, quatro discursos de professores homenageados, quatro isso, quatro aquilo! Com direito a um discurso sobre economia com o respaldo do próprio Ministro da Fazenda, Pedro Sampaio Malan, nosso patrono de formatura! Claro, todo o discurso foi calcado no Real, junto com um balanço da política econômica até aquela data. Haja paciência! Mas tudo era festa e, particularmente, não me importei muito com isso não porque, ora, era o dia de minha formatura!
Após a colação de grau a fome apertara, então, resolvi fazer com minha família um programa tipicamente paulistano: esperar, esperar e esperar por uma mesa na tradicional fila de espera do Famiglia Mancini, no centro de Sampa!
Bom, com a fome saciada, agora só nos restava o baile de formatura para encerrar nosso ciclo de comemorações de encerramento do CGAE (Curso de Graduação em Administração de Empresas). O entusiasmo, apesar de contido, era grande! Pulando toda aquela parte chata de arrumação do vestuário e etc. – se bem que aquele smoking caiu-me como uma luva – partimos à noite novamente para a Júlio Prestes, com a fiel ajuda de um guia de ruas da cidade!
Nas proximidades da Estação Júlio Prestes, o entusiasmo começou a aumentar e percebi, já na entrada, que a festa seria realmente “show de bola”, melhor que o prometido pela comissão de formatura. O lugar estava muito bem decorado, tudo estava bonito lá dentro. A entrada continha vários vasos com arranjos de flores. O salão principal, onde se encontravam as mesas dos formandos, tinha uma iluminação fraca, proveniente das velas que ornamentavam as mesas. Um outro salão foi improvisado como uma pista de dança onde, certamente mais tarde, seria o palco das tradicionais valsas de formatura.
Os amigos que há poucas horas haviam se falado durante a colação de grau conversavam como se tivessem passado muito tempo sem se verem. Era tudo alegria, tudo sorrisos naquela noite! Nossa atenção somente se desviou quando num telão providencialmente instalado no salão principal passou a transmitir ... uma luta de boxe!? Era noite de luta revanche entre Mike Tyson e Evander Holyfield, que havia nocauteado Tyson anteriormente. Martin Salguero, em tom bem humorado (como sempre fora de seu feitio), fizera o seguinte comentário na ocasião: “Em apenas dois lugares no mundo há pessoas de smoking assistindo a esta luta de boxe: no Caesar’s em Las Vegas ...e aqui na Estação Júlio Prestes!”. Isso foi o suficiente para que todos nós caíssemos na gargalhada! Felizmente a luta não demorou muito. Alguns assaltos depois e Tyson resolveu dar aquela famosa mordida na orelha de Holyfield, o que fez a luta terminar mais cedo. Ainda bem!
Realmente, a tradicional valsa de formatura ocorreu naquele mesmo salão da pista de dança. Valsas, pessoas tentando dançar as valsas e mais algumas fotos para o álbum de formatura (e mais prejuízo no bolso!). Clic!
O resto da noite se resumiu a aproveitar a festa. Era estranho até ver a confraternização entre pessoas que, apesar de sabermos que estudaram conosco durante os quatro anos, raramente conversaram entre si. “Parabéns, cara!” – disse-me ..errr....meu, quem era mesmo aquele cara?. Mas, é a tal história...formatura é formatura e apenas retribui o cumprimento!
Aquela seria a última festa de formatura a ser realizada no local. No segundo semestre daquele ano se iniciariam as obras de reforma que durariam dois anos. Imaginem só...sermos a última turma a fazer uma formatura lá! Isso nos deixou até meio “metido” mesmo, principalmente depois de sabermos que a turma que se formaria no final de 1997 tentara sem sucesso agendar sua festa na Júlio Prestes. Ainda, por cima, éramos os últimos a ter tal privilégio! Legal!
Infelizmente, teríamos de fazer o Provão no domingo à tarde, o que nos obrigou a ir para nossos respectivos lares após a festa, em vez de prorrogar a comemoração manhã adentro. Eu mesmo ainda teria de viajar a trabalho naquele dia, logo após o Provão. Woaaah, que sono, meu! (19/01/2001)