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Para reviver um pouquinho do Centro visto pelos seus personagens.

06/12/2025 25.35 ºC, São Paulo

Um respiro no Centro – com direto a ares londrinos

“Tranqüilidade total, silêncio, facilidade de acesso, estacionamento amplo, a 50 metros do metrô Luz, com direito a jardim. Além da cozinha que substitui nossas idas a um restaurante, o que é uma grande economia”, enumera Jorge. Essas seriam as vantagens de alugar uma das 28 casas da Vila dos Ingleses. Em 1998, quando o espaço do escritório na Senador Queirós ficou pequeno Jorge saiu em busca de um novo local nas proximidades. “Descobrimos por acaso”. Apesar de ter circulado por todo o Centro desde menino, Jorge não conhecia aquele recanto. “Fui office boy e rodava toda essa região, antes mesmo de virem os calçadões. Vi o Joelma e o Andraus pegarem fogo. O Centro é uma paixão à parte”, conta.

“Mas só conseguimos ficar aqui porque somos em duas empresas e dividimos o aluguel. É bem caro”, revela. A esposa e os sócios dela mantêm a consultoria Uni Solution e Jorge é representante de algumas marcas de equipamentos de som – ao todo são nove pessoas. Somando aluguel, condomínio e estacionamento – já que o espaço das duas ruazinhas de paralelepípedo são cobradas à parte – são cerca de R$ 1,5 mil por mês. “Talvez seja esse preço porque é cara a manutenção constante da Vila, pois ela é tombada pelo patrimônio histórico”, pondera. A Vila dos Ingleses foi tombada pelo Conselho do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo em 29/09/80 e a partir de então, a fachada e as cores das paredes, janelas e portas externas não podem ser alteradas. Afinal, a Vila começou a ser construída em 1917 sob o comando do engenheiro Eduardo de Aguiar D’Andrada, genro da Marqueza de Ytu – que financiou a construção nos fundos de seu palacete que ficava no terreno da Marquesa de Santos. A idéia da Marqueza e de D’Andrada, então, Diretor Técnico da São Paulo Railway Co. era alugar as casas aos engenheiros ingleses que vieram para trabalhavam na Estação da Luz e nas obras da Estrada de Ferro Santos-Jundiaí. Por isso criaram alguns diferenciais, além de seguir o estilo das vilas operárias londrinas: entre as casas havia lavanderia, cocheiras, serviços de recado, jardinagem coletiva e quadra poliesportiva. Algumas dessas coisas Jorge já sabia. “Quando cheguei aqui li sobre a Vila. É sempre bom saber um pouco onde você está”, argumenta. Mas esta é só uma pequena da história. A família Moreau, herdeira da Marquesa de Ytu, há tempos administra a Vila, fazendo esforços para restaurar o local e transforma-lo num centro de atividades comerciais. Mas, em 1924, muitas famílias que tiveram as casas destruídas na Revolução de 1924 (Revolta Tenentista) mudaram-se para lá enquanto construíam novas moradias em outras regiões da cidade. Já em 1929, ano da quebra da Bolsa de Nova York, a classe média alta ocupou a Vila até depois da II Guerra Mundial. Nessa época, o Bairro da Luz transformou-se numa concentração de comércios atacadistas e mais uma vez mudou o perfil dos moradores da Vila que passou a ser considerada um cortiço. Ele fica surpreso. “Pelo tamanho desta casa não há lógica. Algumas madeiras estão machucadas mas você vê que é do tempo, são originais, se houvesse sido um cortiço aqui elas não teriam resistido”, pontua. Mas isso já não interessa. O sossego deste recanto no meio de São Paulo conquista qualquer um. “Gosto quando vejo um monte de crianças visitando a Vila, quando vem a imprensa e até algumas empresas de turismo, acho, trazem grupos da terceira idade pra cá. E os clientes ficam maravilhados”, arremata ele. (19/01/2001) Serviço
Vila dos Ingleses
Rua Mauá, 836, Bairro da Luz
Próximo ao metrô e Estação da Luz

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