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Para reviver um pouquinho do Centro visto pelos seus personagens.

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Fugindo do inglês ele foi parar na cozinha

Aprender inglês é um martírio para muita gente. Inclusive para italiano de Firenze Giancarlo Marcheggiani, chef de cuisine do Terraço Itália. "Na Itália, todos os cursos técnicos tinham no currículo o inglês como obrigatório, menos hotelaria, no qual só se exigia o francês. Como domino o francês bem melhor do que o inglês, optei por esse curso", conta, com um sotaque "mezzo italiano mezzo portuguese". "Mas não consegui fugir porque no ano em que ingressei em hotelaria, o inglês se tornou obrigatório", ri. Claro que "estudar ou não estudar" inglês não foi a única questão que levou Marcheggiani ao mundo gastronômico. "Cozinhar exige paixão. Acho que não dá para ensinar uma pessoa a cozinhar de um modo só lógico. Claro que há técnicas, mas a pessoa tem que ter um dom." E acrescenta: "é preciso ainda de um pouco de organização mental, porque você imagine o que é chegarem dez ou 12 pedidos de uma vez!" O chef começou a carreira trabalhando no restaurante "Vecchio Punto" de sua cidade. Conheceu sua atual esposa, que é brasileira, e entre idas e vindas, resolveu se instalar por aqui. "Vim para o Brasil definitivamente no dia 25 de outubro de 1990, dia do meu aniversário. Foi uma tática para eu não esquecer a data, porque não sou muito bom para guardar datas." Claro que ele não escapou de um choque cultural em certos aspectos, como os hábitos nos horários das refeições. "Na Itália, a hora de comer é o momento em que a família está junta, pode conversar, dividir seus problemas. Quando cheguei aqui, percebi que em muitas casas as pessoas comem em qualquer lugar, como na sala assistindo TV. Na minha família, pelo menos nos finais de semana, exijo que todos sentem-se à mesa e na mesma hora", pontua. Em 1991, ele abriu um restaurante com mais dois sócios o "Punte Vecchio", que durou até 1996, quando desentendimentos fizeram com que encerrassem a parceria. Marcheggiani trabalhou um tempo em uma importadora de vinhos e em agosto de 1997 foi para o Terraço. A maioria dos produtos utilizados pelo restaurante é comprado no Mercado Municipal, referência nacional para quem trabalha na área. Além de alimentos frescos, o mercado conta com ítens raros, como o açafrão espanhol que custa quase R$ 25 o grama. Se não fosse chef, ele confessa que gostaria de ser confeiteiro. "Admiro muito os confeiteiros franceses que fazem aquelas esculturas com açúcar. Confeitaria é muito mais arte do que cozinha, exige muita precisão. Você tem que saber a temperatura exata do prato. Se passar um pouqunho não se consegue o mesmo efeito. Em cozinha, um errinho de temperatura ou ponto às vezes é imperceptível". Apesar de sua vontade de ver a família sempre junta nas refeições, das ceias de Natal e Ano Novo ele é obrigado a abdicar, pois está sempre preparando o jantar para os clientes do Terraço. Confira as delícias que ele reservou para a virada do milênio e as demais atrações do restaurante no dia. Clique aqui. (28/12/2000)

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