Uma palhinha da "Saudosa Maloca"

" 'Iracema/ Eu sempre dizia/'Cuidado ao travessar essas ruas'... Essa música eu escrevi inspirado numa notícia que eu li no jornal de uma mulher atropelada na Avenida São Paulo..." Esse é o som ambiente. Nas paredes, cartazes enquadrados, painéis com a história e com letras de música e muitas, muitas fotos do cantor que retratou Sampa por meio de seus personagens – qualquer semelhança com a linha editorial do Sampacentro é mera coincidência.
Já dá pra imaginar quem é, né? João Rubinato. "Quem????", você pode estar pensando. Para ficar mais claro vamos chamá-lo pelo apelido: Adoniran Barbosa. O lugar descrito??? Um recanto montado no Conjunto Cultural da Caixa da Praça da Sé. A exposição "Adoniran Barbosa – Prova de Carinho" (nome de uma de seus composições) foi inaugurada em 13 de dezembro para o público e fica com as portas abertas, sem cobrar entrada, até 16 de fevereiro de 2001.
Adoniran cantou o cotidiano de São Paulo na linguagem mal falada do povão – "de tanto levá frechada do teu olhar/ Meu peito até parece, sabe o quê?/ Táuba de tiro ao álvaro, não tem mais onde furá". Afinal, ele era um dos integrantes mais ilustres da classe baixa. Foi entregador de marmita, metalúrgico, encanador, funileiro, tecelão, balconista de loja de ferragem ou da casa de tecidos, vendedor ambulante de meias e gravatas e, depois de ganhar um concurso na rádio, começou a fazer sucesso como locutor e cantor. Mesmo famoso, não fez fortuna. Tudo que ganhou com sua fama foi sendo gasto na mesma hora.
Considerado o mais original sambista paulistano, João Rubinato nasceu em Jundiaí (SP), em 1912, e morreu, na capital, aos setenta anos. Filho de imigrantes italianos, tem suas músicas interpretadas em outras línguas. (21/12/2000)
Serviço:
Conjunto Cultural da Caixa
De segunda a sexta, das 10h às 16h (até 16 de fevereiro)
Praça da Sé, 111, 3o andar, tel. 3107-0498
Próximo ao Metrô Sé
Entrada gratuita