Carta do navegante
Equipe do Sampacentro,
Vocês fizeram um levantamento bem legal sobre Pontos Históricos do Centro. Mas, na minha opinião, faltou um destaque para Ramos de Azevedo, o arquiteta belga que deu nova cara à São Paulo durante os anos de maior expansão da cidade. Recentemente fiz um estudo do Edifício Ramos de Azevedo para a faculdade Mackenzie, onde eu curso o sexto semestre de Arquitetura e mando para vocês um trecho deste trabalho. Espero que seja proveitoso.

“Diante da nova ordem social que se constitui na virada do século, as edificações criadas pelo escritório de Ramos de Azevedo sobrevivem às transformações da paisagem urbana.”
(revista Cidade nº5)
Não se pode negar o valor das obras erguidas pelo escritório de Ramos de Azevedo, típicas da segunda metade do século XIX. Afinal, naquela época a transformação da cidade estava a todo vapor e ele se tornou o arquiteto oficial da cidade. Por essas e por outras é que o CONDEPHAAT (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo) movimenta o processo de tombamento do Edifício Ramos de Azevedo.
A implantação do prédio coincidiu com o processo de modernização da cidade, iniciado em fins do século XIX. Acompanhando o crescimento populacional decorrente do incentivo à imigração, a cidade adquiriu um aspecto cosmopolita com o surgimento de cafés, hotéis, teatros e restaurantes inspirados nas capitais européias, para contentar a burguesia cafeeira. Nesse contexto, surge a necessidade de criação de uma instituição de nível superior, e a Escola Politécnica, então situada no edifício Ramos de Azevedo, passou a formar engenheiros e mão-de-obra especializada.
A área é protegida pela lei de zoneamento Z8 –200, e é tombada pelo COMPRESP (Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo). Reafirmando a notabilidade do edifício, está em andamento o processo de tombamento pelo CONDEPHAAT. O prédio está bem conservado e mantém suas características, apesar de abrigar funções diferentes da original. Adaptação das obras paralisadas do Ginásio do Estado, o espaço foi, então, destinado ao curso de engenheiros eletricistas e o laboratório de máquinas e eletrotécnicas. E que hoje ainda tem papel importante por abrigar o DPH (Departamento do Patrimônio Histórico) e a Casa da Memória. Os únicos problemas são os prédios que o cercam, alguns mal conservados e outros, mais recentes, atrapalhando a visão do Edifício Ramos de Azevedo.
Apenas o tombamento de um bem, entretanto, não funciona. É necessário sua preservação, o que também não significa não permitir mudanças, mas sim que estas sejam orientadas por profissionais qualificados e com consciência do valor histórico, cultural, social e arquitetônico da obra. Isso inclui o caso da fachada do prédio que, como você pode ver na foto, está judiada e precisa de reformas, sem que se altere seus traços originais.
(29/11/2000)
Paula Tauil, estudante de arquitetura
Serviço
Edifício Ramos de Azevedo
Horário: De segunda a sexta, das 9h às 17h
Praça Cel. Fernando Prestes, 152, tel/fax. (11) 3326-1010
Entrada Franca
Próximo ao Metrô Luz
Site: http://www.prodam.sp.gov.br/dph/museus/edramos.htm