Trilhos e criatividade

Espelhos, pés coloridos de borracha, metal, arame. Estas são algumas das matérias-primas utilizadas pelos alunos da oitava série da Escola Logos (São Paulo) para a produção das peças que fazem parte da exposição “Arte Fora dos Trilhos”, em cartaz no Metrô República.

A mostra é uma iniciativa multidiciplinar das professoras de artes, Maria Da Betania Galas, e português, Maria Salete Toledo, do colégio, com o objetivo de despertar a consciência e a percepção dos alunos para a arte, especialmente para a arte presente nos espaços públicos. “Realizamos um roteiro por algumas estações do Metrô para a análise das obras de arte presentes ali”, explica Ana Lúcia Lopes, coordenadora pedagógica do Logos. “Tivemos palestras com dois dos autores dessas obras e a reação dos alunos me surpreendeu, porque foram respeitosos e se emocionaram.” Os estudantes ainda passaram um dia inteiro no Metrô, entrevistando e observando os usuários, segundo um roteiro previamente estabelecido. Divididos em grupos, eles tiveram que tirar dessas experiências impressões para criar suas próprias obras. A intenção era realizar obras das quais os usuários do Metrô pudessem participar. Uma das instalações é “Penetrável”, uma estrutura tridimensional retangular que tem, em seu interior, cortinas de fios de plásticos enfeitados com borrachas coloridas em forma de pés. “Nossa idéia era mostrar uma coisa que tem bastante no metrô: pés”, explica Juliana Nardelli, uma das autoras. “Queríamos que as pessoas entrassem literalmente na obra. Mas elas sentem certa resistência dos fios pendurados, por serem feitos de plástico. Isso simboliza as dificuldades que elas vivem diariamente”, diz. “E o colorido dos pés é para transmitir alegria.” Ana Lúcia Lopes conversou com os alunos depois da abertura da exposição para saber o que eles estavam achando. “A maioria respondeu que estava se sentindo muito importante. Afinal, pessoas que eles nunca haviam visto na vida estavam apreciando suas criações.” (23/11/2000)