Alternativas para o Centro
O advogado Luiz Eduardo Grandjean Pinto participou do projeto Viva o Centro em 94 e 95, quando era chefe de gabinete da secretaria do planejamento. O Projeto começou a partir da iniciativa de entidades e empresários localizados na região central da cidade ou ligados a ela.
Na verdade, a idéia da revitalização nasceu 20 anos antes da fundação da entidade, quando houve um seminário internacional sobre o assunto, mostrando que São Paulo não é a única cidade que sofre com o problema da deterioração de sua área central. "As cidades crescem concentricamente e o miolo delas vai se deteriorando", explica Grandjean.
Como começou a deterioração do Centro?
Quando os carros foram impedidos de circular em alguns pontos do Centro. A idéia era conter o crescimento da cidade, mas a cidade parou onde ela existia - no Centro - e se espalhou. Além da degradação do Centro, isso causou depredação em áreas ao redor da cidade, como a represa de Guarapiranga e a Serra da Cantareira. O certo seria incentivar ocupação onde há infra-estrutura para isso. Aconteceu que o centro passou a concentrar o comércio e as famílias começaram a se mudar para os bairros. Conclusão: o Centro tem vida durante o dia, nos dias de semana. À noite e nos fins de semana, ele fica mais deserto e alguns locais de intenso movimento nos dias úteis tornam-se perigosos nos outros horários, como o calçadão, onde tem a Rua 24 de maio (onde fica a Galeria do Rock) e a Barão de Itapetininga.
O que é preciso para se recuperar a região?
É preciso serem criadas opções de lazer na região, principalmente em horários não comerciais. A ocupação residencial também é fundamental. Se não há ocupação residencial no Centro da cidade, é difícil manter o Centro vivo.
Também deveriam ser construídos estacionamentos e garagens. Primeiro para atrair moradores. Os prédios residenciais de lá são antigos, na época em que foram construídos muita gente não tinha carro. Hoje é diferente, a maior parte das pessoas tem automóvel. Depois, é preciso atrair visitantes. No Shopping Light e no Extra Mappin, por exemplo, não há estacionamento. Como uma pessoa vai sair de seu bairro para fazer compras no Centro sem carro? O Teatro Municipal sofre do mesmo mal: ali perto não tem estacionamento. Muita gente deixa de ir a eventos ali por causa disso.
Como incentivar a criação de espaços para carros?"
Eu daria isenção de IPTU de 10 a 20 anos para os prédios que construíssem garagens. E também para os que fossem recuperados para habitação.
O senhor acredita na revitalização do Centro?
O Centro pode melhorar, mas não vai deixar de ser deteriorado. (08/11/2000)