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Para reviver um pouquinho do Centro visto pelos seus personagens.

06/12/2025 25.35 ºC, São Paulo

Viagem ao centro do Copan

O Edifício Copan tem CEP exclusivo devido ao número de pessoas que vivem lá - cerca de cinco mil, distribuídas em seis blocos. A população é maior do que a de alguns municípios do Brasil. Affonso Celso Prazeres de Oliveira, síndico do prédio desde 1992, tem praticamente a responsabilidade de um prefeito. E tem feito um bom trabalho.

A organização e limpeza impressionam. "São 23 funcionários que limpam 22 mil metros quadrados todos os dias", afirma o síndico. Também faz parte do processo de limpeza a reciclagem que acontece desde 1994. Os funcionários fazem a separação manual de quase três toneladas de lixo por dia. "Além de realizarmos a coleta seletiva de lixo no bloco B, onde há lixeiras apropriadas, temos esta sala, na garagem, onde são guardadas as coisas que as pessoas abandonam", mostra Oliveira, apontando azulejos, pisos e outros tipos de material que geralmente sobram de pequenas reformas. "Essas sobras são recicladas e muitas são reutilizadas em outras ocasiões", comenta. "É no subsolo onde está localizado o coração do prédio - e ele bate", brinca o síndico, referindo-se ao equipamento de IPT, utilizado para medir as oscilações do edifício, a cada cinco anos. Ali também fica a garagem, que comporta 221 automóveis. Affonso Celso Oliveira conhece o Copan desde quando era estudante. "Naquela época o prédio era referência na cidade, por ser muito novo e bonito. Os estudantes e descasados vinham morar aqui. Eu mesmo morei no bloco B e não deixei de fazer algumas festas nas quais tocava violão", relembra. Há alguns anos, voltou ao Copan, onde mora com sua mulher e o filho. Só que agora no bloco A - com apartamentos maiores do que o B. Empreendedor, Affonso planeja implementar um projeto de reformas para o edifício, com duração de quase quatro anos. "Pretendemos ampliar a calçada, com o intuito de se fazer um calçadão entre a Ipiranga e a São Luiz. Trocar os elevadores, que estão aí há 40 anos, também está nos planos", diz. "Outro ponto importante é a modernização do esquema de segurança, que implica na utilização de câmeras e cabines do lado de fora", acrescenta. "Faremos também a limpeza da fachada do prédio e para isso estou esperando o aval do Niemeyer." "Para ser síndico é preciso ser um pouco eclético, saber um pouco de engenharia, administração e direito ", ensina ele, que já foi missionário na igreja Adventista e nunca se formou na faculdade. Se ele gosta de ser síndico? "Em tudo o que fiz, sempre acabei me apaixonando pelo meu trabalho", diz. Ele já trabalhou na administração regional da Penha, durante a gestão de Jânio Quadros e foi presidente da ação local da Avenida Ipiranga. O prédio conta com vinte elevadores distribuídos em seus seis blocos. Subindo até o terraço, onde existe uma pista de cooper, que está em fase de reforma, é possível ter uma visão de 360 graus da cidade. "Venho aqui quase diariamente. O pôr-do-sol é lindo". A cidade parece uma maquete gigante e os carros, enfeites de bolo de noiva. Dá para ver a Radial Leste, a Catedral da Sé, o Pico do Jaraguá, o Shopping Center Norte, o Elevado Costa e Silva (Minhocão), a Rua da Consolação, o Complexo Santa Casa. Viajamos com os olhos uma área que demoraríamos horas - e até dias - para cobrir de carro.

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