Niemeyer esclarece sua relação com o Copan
"O aprendizado da arquitetura não se deve limitar à arquitetura propriamente dita, mas invadir todos os setores da cultura que se entrelaçam e se completam." Esta frase de Oscar Niemeyer resume sua essência transgressora e audaciosa. Rejeitado por uns, festejados por outros, ele é conhecido em diversos países do mundo por suas obras inusitadas, como é o caso do Edifício Copan. Grande parte de seu projeto inicial para o prédio foi modificada, ele desmente sua lendária rejeição pela construção. Até hoje estudantes de arquitetura do Brasil e do exterior visitam a construção para tentar entender um pouco mais a cabeça de seu idealizador. Nesta entrevista, tentamos descobrir qual é, afinal, a relação entre o criador e a criatura. (01/11/2000)

Muitos anos atrás, mesmo antes do projeto do Ibirapuera (a Oca), meu amigo Otávio Frias (diretor-presidente da Folha de São Paulo) levou-me para São Paulo e foi ele quem pensou e corajosamente construiu o Copan. No meu último livro, "Minha Arquitetura" (Editora Revan), falo sobre o Copan e aquele velho companheiro. Um prédio que, acredito, integra a boa arquitetura dessa cidade, com sua extensa e ondulada fachada de vidro. Mas não posso falar desse edifício sem citar meu amigo arquiteto Carlos Lemos, que desenvolveu o projeto e acompanhou sua construção.
2) Qual a sua idéia sobre a criação do projeto do edifício?
Que seria uma arquitetura de caráter imobiliário, sem as fantasias que a arquitetura sugere. Eu sabia, por exemplo, que o pavimento térreo - as lojas - ficaria desmerecido pelos excessos das campanhas publicitárias e que isso, como acontece com todos os outros prédios desse gênero, degradaria muito a sua arquitetura.
3) O síndico do Copan, Afonso Celso dos Prazeres, pediu autorização ao sr. para dar início à reforma do edifício? O sr. está oferecendo algum tipo de consultoria para a obra?
Não. A minha colaboração nesse prédio acabou.
4) Qual a sua opinião sobre o estado do Copan hoje e qual a sua perspectiva para o futuro do prédio, com o término da reforma?
Confesso desconhecer o que ocorreu, durante tantos anos, a essa construção.
5) Lendo seus textos na Folha de S.Paulo, percebi que o sr. gosta de ilustrar seus artigos com desenhos próprios. Foi algo também perceptível no vídeo documentário "Oscar Niemeyer: O Arquiteto do Século". Por isso gostaria de saber da possibilidade de o sr. ilustrar nosso site com um de seus desenhos.