Inseto com bem-casado

Depois de visitar a Pinacoteca, bate uma vontade de comer alguma coisa – é a hora do cafezinho. Agora, não é preciso nem sair do prédio do museu para matar a fome. Em setembro, foi inaugurado o Bravo Café do Ramos.

O ambiente é decorado com exposições temporárias de novos artistas, atualmente Fernando Laszló exibe uma série de fotografias em preto-e-branco. O tema é um tanto esquisito para uma cafeteria: insetos. Mas não deixa de ser interessante. A atendente Vanessa gosta do retrato de um ferrão de escorpião. Digo a ela que gosto das garras de um bicudo, mas que acho a lacraia pavorosa. Ela ri. Peço um café (mania de jornalista) e começamos a conversar. Ela começou a trabalhar ali há três meses, mas já sabe os macetes da profissão: está sempre sorrindo. Olho um pequeno embrulho sobre o balcão. Ela responde sem nem esperar pela pergunta: ”São bem-casados“. Pego um, claro. Uma delícia! O calor (ou será o verde?) convida a sentar lá fora, de frente para um espelho d’água e para o Parque da Luz, onde crianças e seus pais fazem molecagens e casais de namorados aproveitam para dar um passeio de mãos dadas sob o sol. Enquanto batemos papo, as pessoas chegam comentando a novidade. Uma senhora diz: ”Ai, que ótimo! E é uma belezinha!“. Outra retruca: ”E que prático”. Cada detalhe foi pensado para atrair os frequentadores do museu, como os envelopes de açúcar e adoçante personalizados, ou o cabideiro em forma de harpa. Tem ainda cadeiras bem desenhadas -–as de palha de dentro contrastando com as de alumínio do lado de fora—-, e uma bancada de revistas para quem quiser ler ou levar. Ah, e quantos bolos e tortas para se empanturrar! Quer dizer, nem tanto, porque os preços não são tão doces. Os seguranças indicam o lugar e vem até gente de fora só para conhecer o café. Um casal vem do parque para se refrescar numa água. Algumas mulheres pedem bolo e chá. Quem diria que São Paulo ia se render ao chá das cinco da tarde?!