A hipotenusa do Triângulo**

No meio da Praça Antonio Prado, que liga as Ruas São Bento e 15 de Novembro, fica uma banca de jornais à moda antiga.

Toda feita de madeira envernizada, traz diversos tipos de revistas e jornais. Até importadas para agradar ao gosto dos corretores da Bolsa de Valores que trabalham ali ao lado. Alexandre Félix é quem toma conta do movimento há dez anos. Ele explica o estilo anos 40 da banca: “Ela é mantida pela Bolsa de Mercadorias & Futuros, que faz questão de ter esse look. Você veja que o coreto, as engraxatarias ali na frente e até a cabine telefônica são assim”. Ali parado, já viu de tudo naquela esquina. “Já teve de passeatas a gravação de programa. Na semana passada, foi a vez do O+, com o Otaviano Costa, que esteve aqui. Fizeram uma reportagem sobre os engraxates”, conta. Ele mesmo nunca foi entrevistado. “Só uma pergunta ou outra de gente de jornal.” Sua banca já foi visitada por gente como Mauricio de Sousa. “Ele levou uma ‘Caras’ e só. Nem olhou para os gibis, mas também ele já deve ter tudo na cabeça, né!?” E ele não acha nada estranho. “Ih, moça, estranho aqui é todo dia. Ainda mais com esses caras da Bolsa, que são todos uns malucos...” Olhando para os jornais do dia, emenda em outro assunto: “Isto aqui também já virou praça de guerra, quando os sindicatos aqui da região protestaram contra alguma privatização que eu já nem lembro. Tive de baixar as portas e ficar aqui dentro, esperando a bagunça passar”. Mas, para Félix, o bom mesmo é quando chega perto do Carnaval. “Uma semana antes de começarem os ensaios nas escolas de samba, elas montam um palco e os puxadores ficam no coreto, cantando os novos sambas-enredos. Junta o mundo para ver.” ** Duas ruas do Triângulo, Direita e São Bento, formam um ângulo reto, de 90 graus, restando à Rua 15 de Novembro ser a hipotenusa desse polígono.