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Para reviver um pouquinho do Centro visto pelos seus personagens.

06/12/2025 26.28 ºC, São Paulo

Noite de gala

"O primeiro incidente da inauguração do Teatro Municipal foi o adiamento do espetáculo. Tudo estava programado para o dia 11 de novembro de 1911, mas o figurino da Companhia de Teatro Titta Ruffo atrasou um dia para chegar ao Brasil e a primeira ópera encenada no teatro só foi acontecer na noite seguinte", relata Márcio Sgreccia, diretor de teatro, fundador e pesquisador do Museu do Theatro Mvnicipal. A Ópera Hamlet de Ambroise Thomas protagonizada por Titta Ruffo abriu pela primeira vez as cortinas do teatro.

Este foi o segundo incidente, porque os barões do café queriam uma ópera de Carlos Gomes. Só 1.873 entre grandes fazendeiros e famílias tradicionais conseguiram assistir ao espetáculo, depois de causarem o primeiro congestionamento da cidade de São Paulo com seus cerca de 300 ‘fordecos’ (uns dos primeiros modelos de carro). As outras 20 mil pessoas que compareceram às portas do Theatro Mvnicipal não puderam entrar", conta Sgreccia. Se o momento da inauguração foi desastroso, muitos outros eventos depois realizados no Teatro marcaram época. Foram grandes noites de Carnaval, a Semana de Arte Moderna, em 1922, Villa-Lobos lá se apresentou, além de Carreras, Caruso, Bidu Sayão, entre tantos outros, e também foi palco de um show de rock: Os Mutantes (ainda sem a cantora Rita Lee) com O Terço. Se por um lado, o bem disposto e prestativo Marcio Sgreccia se anima ao contar as histórias do Teatro, por outro, fica indignado quando fala da degradação do Centro. Na época em que o Museu do Teatro foi transferido para o espaço embaixo do Viaduto do Chá, Márcio teve que lidar com uma situação ameaçadora. “Quando o Museu foi instalado aqui, quatro bandidos que dominavam a região mandaram a gente deixar o lugar ou então iam quebrar tudo.” A polícia então foi chamada e, no primeiro dia, prendeu quatro deles. Outros marginais foram sendo presos aos poucos, alguns já estavam sendo procurados por assassinato. “Daí batalhamos e a Votorantim adotou e restaurou aqui, o Jardim da Praça Ramos”, conta ele aliviado. “O Centro se deteriorou muito. Os homeless (sem-casa) são um problema. Em São Paulo não cabe mais um fio, mas o pessoal ainda vem tudo pra cá”, diz.

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