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Para reviver um pouquinho do Centro visto pelos seus personagens.

06/12/2025 26.28 ºC, São Paulo

Fé importada da África

A chuva ameaçava a cair, os fiéis, um aqui, outro ali adiante, se espalhavam pelos bancos. Ainda faltavam mais de cinco horas para a missa. Mesmo assim, o padre Sebastião Vieira deixou o quarto onde descansava para contar como era pertencer a Igreja de Santa Ifigênia há mais duas décadas. Com 70 anos, ele reza missa todos os dias, inclusive aos sábados e domingos. "Os freqüentadores da igreja são na maioria gente que está de passagem, porque a parte residencial é muito reduzida por aqui", explica. O padre conta que os membros da paróquia vão à missa mais aos fins de semana, enquanto os trabalhadores da região, de segunda a sexta-feira. Além disso, muitos hóspedes de hotéis da redondeza aparecem na igreja.

Vieira mora na própria Santa Ifigênia e diz não abrir mão da facilidade que a região proporciona, "tem tudo perto, é uma beleza". Sobre o perigo existente na área, ele afirma haver um pouco de exagero: "Não é tão ruim assim, é preciso ter prudência; eu não saio à noite, por exemplo." Tombada pelo patrimônio histórico, a igreja promove além da eucaristia, crisma e do catecismo, cursos profissionalizantes e reuniões de grupos de ajuda, como alcoólicos e neuróticos anônimos. Há ainda aulas sobre a Bíblia e orientação pessoal de vida. Padre Vieira, como prefere ser chamado, se diz já muito cansado devido à idade avançada, por isso prefere uma igreja com menos fiéis fixos. "Aqui o trabalho é menor, mas a satisfação é a mesma das grandes catedrais, isso eu garanto." Para o padre, é um trabalho extremamente valioso ajudar o povo, "que trabalha e sofre demais em troca de salários miseráveis". Mas para alegria da comunidade, a Santa Ifigênia promove duas festas anualmente. Em 8 de dezembro é comemorado o Dia da Nossa Senhora Imaculada da Conceição, padroeira da igreja, com mais missas e quermesse. A Santa Ifigênia, padroeira do bairro, é celebrada em 22 de setembro, dia em que os fiéis podem benzer as chaves de suas casas. Isso ocorre porque a santa, que é africana, é considerada protetora da moradia.

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