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Para reviver um pouquinho do Centro visto pelos seus personagens.

06/12/2025 24.02 ºC, São Paulo

Adoçando o Centro

As duas principais lembranças de Lurdes Correa Terra nesses 16 anos que trabalha no Centro são completamente opostas. Uma é engraçadíssima e faz a vendedoras de balas rir sozinha só de lembrar. Já a outra história é sobre um fato que por pouco não se tornou trágico. Quando Lurdes ainda vendia cocadas –-hoje em sua banca no Viaduto do Chá há suspiros e balas de coco-– uma "trombada" agitou a área e, segundo ela, foi o fato mais comentado da semana.

Um menino que entregava livros em uma loja nas proximidades perdeu o controle do carrinho e entrou com tudo na barraquinha da vendedora. "Foi uma trombada e tanto, as cocadas ficaram amassadas e os livros, melados." Ela conta que não sabia por onde começar ao ter que limpar toda aquela bagunça. "O mais engraçado era que, quando se abriam alguns livros, tinha uma pasta de coco dentro", diverte-se. Mas o importante para Lurdes foi que ela não teve prejuízo com o acidente, muito pelo contrário: "O dono da livraria foi muito educado e pagou todas as cocadas, fui embora mais cedo pra casa, feliz da vida". Ela mora em Artur Alvim, perto da estação de metrô, por isso adora a facilidade no transporte já que em 20 ou 25 minutos ela chega ao Centro. Mesmo com as quedas do movimento e do lucro devido à reforma do Viaduto do Chá, prevista para acabar em dezembro, a vendedora de doces não reclama de trabalhar no Centro. "Adoro esse lugar, se deixasse de vir, ia sentir falta, só mesmo a lembrança daquele lugar ali (aponta para a Praça do Patriarca) me persegue". Há cerca de dez anos, Lurdes vendia suas guloseimas ao lado de uma barraca de uma amiga, que trabalhava com enfeites e prendedores de cabelo. No meio da tarde, um tumulto começou por causa de um "trombadão" que tentava assaltar uma pessoa que passava por ali. No meio da confusão, o bandido atirou e acertou o tapume que protegia a construção, justamente entre Lurdes e sua colega. "Não morri com a bala, mas quase morri do coração, porque o tiro passou bem perto de mim, um tantinho assim, ó".

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