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Para reviver um pouquinho do Centro visto pelos seus personagens.

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Joelma e Andraus

Os edifícios Joelma e Andraus entraram para a história de São Paulo pelas tragédias das quais foram cenário. Pegaram fogo respectivamente em 1972 e 1974, ambos em fevereiro. Pela semelhança dos acontecimentos e proximidade espacial e temporal, deixaram a cidade traumatizada por algum tempo. Acabaram expondo as feridas escondidas pela cidade e mostraram perigo que muita gente corre diariamente sem saber. Infelizmente não serviram de lição definitiva da importância da segurança nos edifícios. Prova disso é que continuam ocorrendo tragédias semelhantes, frutos da negligência, do comodismo e da incompetência.

Sobre os dois incidentes:

  • Pessoas desesperadas se atiraram de onde estavam, tentando alcançar terraços de prédios vizinhos ou “preferindo” morrer estateladas na calçadas a serem queimadas.
  • Os jornais da época registram a reclamação dos bombeiros em relação à falta de pessoal e de equipamento adequado e em número suficiente, o que atrapalhou o resgate das vítimas.
  • Poucos hospitais estavam equipados para receberem vítimas de incêndio e realizarem o tratamento completo, inclusive de enxerto de pele e cirurgia plástica. Os únicos preparados eram o Hospital das Clínicas, o Leão XIII e o Hospital dos Defeitos da Face.
  • No dia 07 de fevereiro de 1974, uma semana depois do Joelma e dois anos após o Andraus, foi assinado pelo então prefeito Miguel Colassuono o decreto municipal n o 10878 que “institui normas especiais para a segurança dos edifícios a serem observadas na elaboração do projeto na execução bem como no equipamento e dispõe ainda sobre sua aplicação em caráter prioritário”. Antes disso, não havia legislação sobre segurança predial. Sobre o Andraus:
  • O acidente só não tomou proporções maiores porque o prédio contava com um heliponto, que foi crucial no resgate de muitas vítimas.
  • Por falta de máscaras, os bombeiros usavam lenços úmidos para se proteger contra a fumaça que tomava conta do local.
  • Depois do incêndio, o Andraus foi totalmente reformado. Ganhou parapeito de concreto para evitar que o fogo passe de um andar para outro no caso de incêndio, escada externa, portas contra fogo em todos os acessos às escadas, iluminação de emergência com gerador à óleo, gás encanado para substituir os botijões e brigada de incêndio com treinamento periódico.
  • Em janeiro de 99, a dona de casa Telma Regina de Almeida ameaçou atirar-se do 28o andar para chamar atenção da imprensa e da opinião pública para seu drama. Ela tinha quarto filhos, estava grávida do quinto e tinha uma ação de despejo.
  • No 13o andar funcionam sete entidades sociais, como a de mães de internos da Febem, de apoio a portadores do vírus da AIDS, de homosexuais e de mães de crianças desaparecidas.
  • Há pessoas que trabalham lá e relatam acontecimentos estranhos como gritos nas escadas e armários que abrem sozinhos.

    Endereço: Rua Pedro Américo, 32
    Ocupação na época do incêndio: Grande parte do edifício pertencia à loja de departamentos Casas Pirani, sendo também ocupado por escritórios de empresas como Petrobrás e Companhia Adriática de Seguros.
    Incêndio: 24 de fevereiro de 1972
    Causa do acidente: acredita-se que o fogo tenha começado nos cartazes de publicidade das Casas Pirani, colocaados sobre a marquise do prédio.
    Número de vítimas: 352, sendo 16 mortos e 336 feridos Sobre o Joelma:
  • O heliponto da Câmara Municipal, vizinha do edifício, transformou-se em um pronto-socorro
  • A ausência de ventos fortes e o vão que separava o Joelma de seu vizinho, o edifício Saint Patrick, impediram que o fogo se alastrasse.
  • O edifício não possuía escada de incêndio. Naquele dia, o gerente de instalações da Crefisul Kirill Petrov ia apresentar à diretoria o projeto da escada que seria instalada um mês depois.
  • O Setor de Treinamento e Recursos Humanos também estudava outras medidas de segurança, como a contratação de um bombeiro para cada andar e cursos de abandono do local no caso de emergência para funcionários.
  • Dos que assistiam às cenas sem poder fazer nada, alguns traziam leite e lençóis para as vítimas, outros pintaram faixas com dizeres de apoio a quem estava lá em cima.
  • No Andraus, muita gente conseguiu chegar ao heliponto e ser resgatada por helicópteros. Lembrando-se disso, diversas pessoas que estavam presentes no dia do incêndio do Joelma dirigiram-se ao último andar, mas o edifício não tinha heliponto. As telhas de amianto, escadas e madeiras impediam que os helicópteros pousassem.
  • Depois de reaberto, o prédio já sofreu pelo menos duas interdições, em 1981 e em 1994. Em 1981, foi o técnico alemão Ernest Aquiles que denunciou seu precário sistema de proteção contra incêndios.

    Endereço: Av. Nove de Julho, 225 – Centro (entrada também pela Rua Santo Antônio, 184)
    Ocupação na época do incêndio: Os dez primeiros andares eram estacionamentos. O restante era em grande parte ocupado pelo Banco Crefisul.
    Incêndio: 1º de fevereiro de 1974, com início às 8h30, no 12º andar
    Causa do acidente: possivelmente um curto-circuito no sistema de ar condicionado causado por sobrecarga elétrica
    Número de vítimas: 533, sendo 188 mortos e 345 feridos

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