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Para reviver um pouquinho do Centro visto pelos seus personagens.

06/12/2025 26.28 ºC, São Paulo

O Oriente aterrissa no Centro

O butanês Kunga Tenzin, 34 anos, é monge budista da Universidade Monástica Gaden Shartse, na Índia. Ele e outros monges daquela universidade estiveram no Brasil entre junho e julho para a Quarta Turnê Mundial pela Paz, dando palestras, conferências, realizando sessões de cura e fazendo demonstrações dos coros sagrados budistas. Um dos lugares em que se apresentaram foi no Mosteiro de São Bento.

Lá ocorreu uma cerimônia ecumênica na qual o canto gregoriano dos monges beneditinos foram intercalados com os instrumentos utilizados nas cerimônias budistas. O local estava lotado. Algumas pessoas apenas assistiam, outras aproveitaram o momento para a interiorização. Ao contrário de outros monges, que foram encaminhados aos mosteiros pelos pais, Kunga tomou ele mesmo a decisão de partir para a vida monástica. Isso aconteceu aos 16 anos. Foi para um mosteiro na Índia e estudou história, política, filosofia, religiões, entre outras disciplinas, na Universidade Gaden Shartse. Ele também aprendeu o inglês, o que facilita bastante na hora das conferências, na relação com as demais pessoas dos lugares por onde passam e com a imprensa – com a qual tem mantido bastante contato por causa da Turnê Mundial. “Estou me acostumando com isso e acho essa divulgação algo positivo, pois permite que as pessoas conheçam nossa mensagem de amor.” Ele considera meios de comunicação como a TV e a Internet como coisas positivas. “A Internet é uma coisa boa. Os estudantes pesquisam, as pessoas se comunicam. A TV, apesar de muitos programas ruins, que exploram as pessoas, traz coisas boas também, como os canais Discovery Channel e CNN, que informam e servem até de fonte de pesquisa.” Essa edição da turnê começou em março, na Espanha. Veio para o Brasil e seguiria para outros países da América do Sul, como Argentina, Uruguai e Chile. “Estou gostando muito do Brasil. As pessoas mostram estarem abertas para nossa religião, no sentido não exatamente de adotá-la para suas vidas, mas para conhecer mais”, diz Kunga. Ao saber da situação precária em que se encontram o Centro e as pessoas que vivem nas ruas da região, além da violência a que os transeuntes estão sujeitos, ele diz que “quando a pessoa não tem recursos, é natural que se envolvam com violência, pois precisam viver de alguma forma. O governo tem que dar meios para essas pessoas viverem – casa, alimentação, escolas. E todos podem ajudar, cada um à sua maneira”. Em relação à diferença de cultura entre o ocidente e o oriente, ele diz que “todos os países têm um pouco de ocidente – inclusive o Butão, que é um país de tradições mais voltadas às questões espirituais. Mas aqui as pessoas são mais apegadas ao dinheiro e muitas vezes se esquecem do lado espiritual. Se alguém tem um par de óculos como esses (e aponta para os seus), vai querer outro diferente”. Ele acha estranho quando as pessoas se chateiam, por exemplo, porque um amigo não ligou ou não compareceu no dia do aniversário. “Isso acontece tanto no ocidente como no oriente. O fato de eu não ligar para um irmão ou um amigo não significa que eles não sejam amados ou queridos. É que nós, monges, aprendemos que o amor universal é mais importante que a dedicação a apenas um grupo. Mas resolvi ir à casa das pessoas nessas ocasiões para que elas não fiquem chateadas ou tristes.”

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