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Para reviver um pouquinho do Centro visto pelos seus personagens.

06/12/2025 25.35 ºC, São Paulo

O banco da praça

Uma praga que arrasou a roça de feijão em Rio das Contas, na Bahia, mudou a vida de Pedro Velarmino. Ou quem sabe, tenha apenas antecipado o seu caminho para São Paulo.

A chegada à capital aconteceu aos 17 anos. Apesar de toda a tristeza da despedida havia a emoção da novidade, do início de uma vida novinha em folha, pronta para acontecer. Pedro partiu sozinho deixando em Rio das Contas a mãe e as recordações do falecido pai. "A roça de feijão estava tão bonita, não acredito que perdemos tudo naquele ano. Foi então que eu resolvi morar com o meu irmão na capital, buscar uma vida melhor", recorda. Contando com bastante coragem, apesar da inexperiência de um jovem do interior da Bahia, Pedro começou um trabalho no Centro da cidade. Arranjou uma vaga como auxiliar de obras na construção do famoso Edifício Itália. "Esse prédio que trabalho há 30 anos eu ajudei a construir. Quando terminou a construção do Itália, passei a trabalhar aqui de faxineiro. Uns anos depois fui promovido a porteiro, onde estou até agora, com 58 anos", conta. Para Velarmino, relembrar seu passado é perceber o quanto o Centro da cidade mudou. "Na vida de solteiro morei na rua Camito do Vale, no Largo do Arouche. Na época não existia muita violência e trombadinha. Dava para cochilar nos bancos limpinhos da Praça da República. Hoje em dia não é assim, se bobear tiram até a roupa da gente. Mas, o que dá saudade mesmo é de ver as praças bem limpas, iguais às do interior. Lá se tem lugar para sentar e não sujar a roupa", diz, nostálgico.

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