Prédio tortuoso

“O prédio é uma idiotice total. Niemeyer faz prédio pra quem está de fora e não de dentro. Já morei em outro edifício projetado por ele e também era meio estúpido. Mas lá, alguns apartamentos já tinham sacada, pelo menos”,opina nosso vizinho de andar Edson Carneiro, 31 anos, professor de sociologia e bancário. Ele conta que “a história do Copan é de glória e baixaria. Descarregam tudo de ruim no bloco B pra se livrar da culpa. Moro aqui há três anos e nunca vi um barraco neste bloco”. Bastante receptivo à nossa visita, Índio, como é conhecido, não acha que exista um clima de vizinhança apesar de conviverem ali cerca de 5 mil pessoas “de todas as tribos", define. "Esse andar, por exemplo, é cheio de travesti. Vocês deram uma floreada nele”, diz. Para ele o prédio parece estar organizado, atualmente. "Também, o síndico ganha mais que o prefeito”. Edson já experimentou morar em Itaquera, entretanto, não gostou porque o Centro dá mais facilidades. Ele costuma ir ao cinema e ao teatro, mas já evita praças – principalmente a Praça da República – e parques “porque devido à situação econômica do país, cada vez tem mais mendigo no Centro”. Apesar disso, a região não o assusta. Morando aqui há dez anos, nunca teve problemas e nem acha tão perigoso quanto as pessoas pintam. “É mais questão de perder o medo”, sugere.