Shopping a céu aberto

Tecidos, bichinhos de pelúcia, paciência, peças para bijuterias, correria, tapetes, fitas para embalagens, hot dogs, aperto, lencinhos da Giuliana, sofrimento, cosméticos, ferramentas, descontração... A Rua 25 de Março tem hoje 3.000 lojas, onde se encontra de tudo um pouco, basta um bom sapato e muita, muita disposição.

Considerada "o maior shopping a céu aberto da América Latina", a 25 recebeu esse nome no início do século, em homenagem à primeira Constituição brasileira --que foi promulgada em 25/3/1824. Naquela época, o comércio da região era realizado basicamente por imigrantes árabes, concentrados na Rua Florêncio de Abreu. Hoje, comerciantes de todas as origens ocupam a Rua 25 de Março e adjacências. Antes, os principais produtos vendidos eram rendas suíças, casimira inglesa, porcelanas japonesas. Com 21 anos e jeito de moleque "esperrrto", o ambulante, que nasceu em São Paulo, já é bem "tarimbado" na chamada economia informal. Atualmente, vende alcinhas de sutiã feitas de silicone, por R$ 2. "Ah, vendo o que pintar, já trabalhei com toalhas, pilhas... o que tá na moda a gente vende." Francisco adora o passa-passa de gente da região, mas só trabalha lá porque precisa. "O pessoal da rua também é legal, uns ajuda os outros, tudo amigo (sic)." Não há um avaliação exata de quantos camelôs trabalham na região, mas é, com certeza, um "mar de gente". Antes porém era um rio, o Tamanduateí, que recebia as águas do Anhangabaú e desaguava no Tietê. Como a maioria das pessoas que trabalha no Centro, Francisco não gosta de passear pela região nas horas de folga. "O Mosteiro São Bento por exemplo, é muito parado; e depois, outro dia, vi uns rapa (policiais) batendo num deficiente ali perto, foi muito triste." Mas essa não é a história que deixa Francisco mais aborrecido, tem uma pior. "É a do meu casamento, lógico, que besteira que eu fiz!", lamenta.