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Para reviver um pouquinho do Centro visto pelos seus personagens.

06/12/2025 26.28 ºC, São Paulo

A destruição do velho e a construção do novo

Rua Líbero Badaró, antigo prédio da Câmara Municipal. Este endereço no Centro velho de São Paulo faz parte das recordações de infância vividas pelo paulistano Agenor Balbour Jr., nascido na rua Joaquim Eugênio de Lima, na região dos Jardins.

"Conheço o Centro desde criança. Já freqüentava a antiga Câmara Municipal aos 8, acompanhando de meu pai, que foi vereador em São Paulo durante 13 anos. Quando o Roberto Carlos recebeu o título de cidadão paulista na Câmara, eu estava presente. Me lembro da Líbero Badaró apinhada de fãs. Isso aconteceu em 1968." Agenor começou a trabalhar no Centro em 1993, como sociólogo de carreira da Prefeitura. Na administração de Paulo Maluf fez parte da equipe de funcionários do Departamento do Patrimônio Histórico, seu local de origem, como ele mesmo define. Hoje, trabalha no serviço educativo da prefeitura, que funciona no Solar da Marquesa, uma construção do século XVIII que pertenceu à esposa de Tobias Aguiar, governador da província de São Paulo. Apesar de estar ligado à região dos Jardins, Agenor vive hoje no bairro da Mooca, na rua em que seus pais se conheceram. A casa da Mooca foi construída em 1914 pelo seu avô, um marmorista italiano. Por razões de preservação da antiga construção e mesmo para conservar esta parte da história da família, ele se orgulha em dizer que vive em uma casa com "o pé direito de 4,20 metros". Um dos momentos mais importantes vividos no Centro pelo paulistano Agenor foi o episódio que aconteceu próximo da Praça da Sé, na rua Benjamim Constant. "Fiquei parado ali, vendo a passeata na campanha das Diretas Já. Foi muito importante ter presenciado esse acontecimento histórico". Outra lembrança do Centro aconteceu no Largo São Francisco, no dia da leitura da carta aos brasileiros. Neste dia estava com seu pai, que foi apresentado a Fernando Henrique Cardoso pelo colega de turma, José Gregório, hoje Ministro da Justiça. Muitas das lembranças deste sociólogo estão ligadas ao Centro da cidade. O olhar deste paulistano e conhecedor da região central da cidade aponta para algumas transformações ocorridas ali ao longo do tempo. "A São Paulo colonial foi destruída e substituída pela neoclássica do começo do século. Hoje, esse novo espaço foi tomado pelo moderno, pelo utilitário. Esse processo marca a evolução do Centro da cidade, o da destruição do velho e da construção do novo. Do ponto de vista social, acho interessante que o Centro tenha se popularizado. A intensificação do grau de violência é outro fator que chama a atenção. Se bem que eu não sei se toda a violência somada aqui constituiria a soma da violência da compra e venda de escravos que acontecia na Rua da Quitanda", observa.

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