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Para reviver um pouquinho do Centro visto pelos seus personagens.

06/12/2025 25.35 ºC, São Paulo

O ponto de encontro dos latino-americanos

À medida que se caminha em direção à feira de artesanatos da praça da República, um som de flauta andina vai se intensificando. A música vem da barraca de Gige Molina, um chileno de Santiago que aprendeu sozinho, ainda quando criança, a tocar e a fabricar instrumentos como maracás (chocalhos) e cabaça-fone (flauta doce com uma cabaça de berimbau na extremidade). "Moro em Embu, próximo a um bambuzal. Eu mesmo vou até lá, escolho e corto as plantas que eu preciso, e minha mulher faz a pintura dos instrumentos", conta Gige, que a está ensinando a esculpir o artesanato. "Isso porque estou com um problema no pulso causado pelo esforço repetitivo exigido pela minha atividade. Vou precisar operar e ficar em repouso absoluto por seis meses." O artesão atrai a atenção dos visitantes da feira tocando músicas conhecidas e fazendo improvisos, com tanta naturalidade que parece fácil acompanhá-lo. Assim, alguns arriscam "tirar um som", mas a maioria só consegue notas desconexas. Para os outros visitantes, é engraçado Com dois filhos – um de 15 anos e uma de 23 – Gige sempre se sustentou como artesão. Seu único momento de dificuldade foi entre 97 e 98, quando o prefeito Celso Pitta removeu a feira para a Praça Roosevelt. "O movimento caiu tanto que fiquei nove meses sem vender nada", diz. "Mas foi importante para que os expositores se organizassem, pois esse é o único jeito de defenderem seus direitos". O artesão carrega um sotaque bastante marcado, apesar dos mais de 20 anos no Brasil. Ele saiu do Chile em 77 para viajar pela América do Sul, sempre ganhando dinheiro com seu artesanato. No Brasil, ficou em Florianópolis por algum tempo e depois subiu para São Paulo. "Resolvi ficar por aqui porque gosto muito da cidade, meu trabalho é melhor aceito. E a Praça da República é o ponto de encontro dos latino-americanos."

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