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Para reviver um pouquinho do Centro visto pelos seus personagens.

06/12/2025 26.28 ºC, São Paulo

Cultura com Caffé

"Você sabia que a Rua São Bento foi construída de maneira a permitir que a igreja do Convento de São Francisco fosse avistada?"

Em clima de troca de experiências, a desenhista e arquiteta Carla Caffé fala sobre sua carreira, com seus retratos lúdicos da cidade de São Paulo. Ela parte de uma imagem inicial e a reconstrói da forma como ela ficou na memória. "A idéia de paisagem e memória sempre perseguiu meus desenhos. Durante anos, caminhei pelas ruas, vielas, pontes e viadutos, ficando horas ali e, muitas vezes, retornando para apreender melhor aquilo que queriam me contar os espaços –bares, igrejas, pessoas, paisagens, tudo o que compõem o universo belo e feio de nossa cidade”, revela. Este é um projeto de oito anos atrás. “Quero envolver as pessoas. Mesmo que elas não vejam o valor estético do trabalho, podem comprar os desenhos porque se identificam com alguma história do local", diz. A obra do bar Riviera eu vendi para um casal que tinha se começado a namorar lá", conta. No mês de abril de 2000, Carla Caffé expôs no espaço da Pinacoteca do Estado, com 16 desenhos. “Tive um retorno muito bom dos visitantes. A Pinacoteca, depois da restauração em 93, ficou muito bonita e funcional. Às vezes, eu vou lá só para passear. E, claro, que aproveito para dar uma olhadinha nas exposições”, conta. Cenógrafa, artista plástica, arquiteta, desenhista, Carla Caffé está sempre metida em vários projetos. “Agora, estou terminando de colaborar para um filme”, diz. Entre outras coisas, ela foi responsável pelo cenário de filmes como “Central do Brasil”, “Kenoma” e “O Primeiro Dia”. “Fui aprendendo a desenhar de tudo –plantas, paisagens, cenários, roupas, objetos. Hoje, trabalho em teatro, publicidade e cinema.” Também foi assistente de figurino de Daniela Thomas em algumas peças de teatro. “Em Nova York, como assistente da Daniela para a Companhia de Ópera Seca, retomei meu antigo hábito de escrever diários. Foi lá, em 1989, que pela primeira vez fiz desenhos sobre uma cidade, com cortes e perspectivas, tudo em preto-e-branco, um caderno contínuo de minhas idas e vindas pelas incríveis ruas de Manhattan. Nunca paro de desenhar. Agora, continuo desenhando uma cidade: desta vez São Paulo.” Seu trabalho não se baseia em fatos históricos. Ela prefere pesquisar depois. "O Copan, por exemplo, eu desenhei num dia em que fui tomar café no Centro. Quando olhei para o alto, senti até uma vertigem com aquela beleza, cheia de curvas. É isso que faço: retrato aquilo que me toca, que me faz sentir como uma viajante, errando pelo mundo."

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