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Para reviver um pouquinho do Centro visto pelos seus personagens.

06/12/2025 24.02 ºC, São Paulo

Cigarros e nu feminino

Em meio a cerca de dez tipos de fumo de corda diferentes - provenientes do Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Goiás e Alagoas, entre outros estados brasileiros - Gelson relembra o dia em que a cantora Gretchen esteve no Mercado Municipal para fazer um ensaio fotográfico para uma revista masculina: "Isso foi há uns 4 ou 5 meses", conta. "Ela circulava pelas bancas enrolada em um roupão de banho", recorda-se, "Imagine a zona". Segundo o proprietário da Charutaria Bruno - localizada no box 12 da rua E - o episódio "foi um escândalo, pois era sábado e o Mercado estava cheio de compradores."

Quando o dia é mais calmo e não aparece nenhuma artista nua para tirar fotos, a freguesia da banca de seu Gelson, "a maioria nortista, formada por pessoas que fumam há mais de 40 anos", compra - além de fumo de corda Tietê, o mais tradicional - palha para fazer os cigarros. Na Charutaria, é possível encotrar mais de 15 tipos. "A maioria vem de Sales de Oliveira, uma cidade no interior de São Paulo, que conta com 60 indústrias de palha", diz Gelson. Além dos fregueses habituais, a Charutaria Bruno atrai ainda turistas, principalmente italianos e americanos. "A turma vem visistar e acaba comprando", afirma. Ao lado do tradicional rapé e dos cigarros indianos, feitos com folhas de uva, há uma infinidade de charutos cubanos e também baunilha, vendida a 4 reais, 100 gramas. Em uma das prateleiras da lateral, pode-se encontrar também uma porção de embalagens diferentes de "Smoking Paper". "Isso aí eles usam pra enrolar a danada", brinca Gelson, referindo-se à seda usada para fazer cigarros de maconha. "É o preferido da garotada", ri. Instalada no Mercado Municipal desde a sua inauguração, a Charutaria Bruno foi fundada por Risieri João Bruno, hoje com 86 anos. Sessenta deles foram passados sob o teto do Mercadão. Há seis anos, o sr. Risieri vendeu a banca a Gelson Batista dos Santos, que era dono de um empório no Mercado desde 1966. Amigos há mais de 20 anos, Gelson - que trabalha há 34 no Mercado - conta que Risieri "estava muito velho para trabalhar, por isso vendeu a banca". Mas nem por causa da mudança de dono foram feitas modificacões. "Tudo continua praticamente como antes", conta Gelson, mostrando um anúncio do jeans Free, lançado na França há 30 anos. A foto do anúncio foi feita em frente à Charutaria, que ainda guarda o glamour de tantas décadas passadas.

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