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Para reviver um pouquinho do Centro visto pelos seus personagens.

06/12/2025 26.28 ºC, São Paulo

Um alerta para o Centro

Na Rua Riachuelo, atrás da Faculdade São Francisco, funciona a Comunidade Missionária entre os Sofredores de Rua. Nessa pequena ladeira mal se percebe a entrada da entidade, uma porta com a pintura já desgastada, na altura do 272-B.

Ali são recebidos os moradores de rua e seus filhos, catadores de papelão e moradores de cortiços, pensões e ocupações do Centro da cidade. A rua estreita e pouco iluminada não é extamanete um local que te convide a entrar. Na manhã em que resolvi passar por ali, três moradores de rua apareceram pedindo ajuda e medicamentos para um deles, um jovem soropositivo. Envergonhado, o garoto doente escondia o rosto com a camiseta e não falava com ninguém. A ajuda não poderia vir dali, mas do local ao lado, a poucos passos de onde estavámos. Vizinho da Comunidade Missionária, funciona o Cefran, o Centro Franciscano de Luta contra a Aids. O Comunidade Missionária também faz parte das obras do Convento São Francisco e o espaço utilizado foi concedido pelos frades. Gilberto Santos Silva, 40, é o coordenador da Comunidade, cargo que ocupa há um ano. Já esteve em outras entidades assistenciais e trabalha há 15 anos no Centro de São Paulo. "Para ter uma dimensão do problema que enfrentamos com os moradores de rua aqui no Centro, dá para dizer que há mais de cinco mil pessoas morando na rua. Um número absurdo, se considerarmos somente a região central da cidade". O trabalho dessa entidade é voltado para ações concretas, como o atendimento aos carentes para higiene pessoal. Lá, essas pessoas podem tomar um banho, lavar roupas, obter encaminhamentos para providenciarem a documentação, ofertas de emprego e se integrarem ao Movimento de Luta pela Moradia para a conquista da casa própria. Falando de seu trabalho no Centro de São Paulo, Gilberto faz um parêntese e um alerta para as pessoas ligadas a essa região da cidade. "Há muitos projetos e associações aqui no Centro preocupados com a revitalização da região. O que falta ainda, e talvez seja a questão mais importante no meu ponto de vista, é incluir também as pessoas nesse processo de melhora da paisagem do Centro. Estou aqui no centro há 15 anos e vejo que pouca coisa mudou no aspecto social, especialmente na questão dos moradores de rua, que hoje somam cinco mil".

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