O vinho do padre

O Conjunto Franciscano é considerado um dos exemplares da arquitetura religiosa praticada em São Paulo. Sobre a escrivaninha do escritório da paróquia, uma velha Remington e um cinzeiro cheio parecem conviver com o frei há séculos. Fumando cigarros Carlton, frei Wilson Steiner desvia das caixas abarrotadas de alimentos espalhadas pela sala e atende o telefone que não pára de tocar.

Dos 30 frades que moram no convento, ele pode ser considerado o relações-públicas franciscano. Em função de seu trabalho, já viveu em Petrópolis, Curitiba, Blumenau e Criciúma, sua cidade natal. São Paulo é a quinta cidade nesse itinerário pelo Brasil. "Estou aqui há quase seis anos". Diferente da formalidade e alinhamento da ordem dos beneditinos (do Mosteiro de São Bento), os frades do convento São Francisco vestem-se de jeans, camiseta e chinelos de couro. Gostam de vinho e de um bom chimarrão. E ainda não vivem em clausura. "Está vendo aqueles garrafões vazios ali? São provas do alto consumo de vinho no convento. Os frades levam os garrafões para cima e se agarram a eles como se fossem mamadeiras". Circulando pelos seis andares do convento com frei Wilson, conheci também o pró-vocações franciscanas, organização que administra os fundos para a formação dos seminaristas franciscanos. A lojinha fica um pouco escondida, mas vale a pena conhecer. Lá pode-se encontrar coisinhas como um chaveiro com uma miniatura da sandália de São Francisco em couro e mosquete de metal dourado ou um terço de madeira com essência de lírios de Pádua, junto de um crucifixo miniatura do papa. Outra dica da lojinha pró-vocações é o vinho do padre e o mel Seminário Santo Antônio, presentes que acabei ganhando do frei nessa breve passagem por lá.