A gorda mais feliz do Copan
"Morar aqui é maravilhoso, no Copan recuperei a alegria de viver." Maria Carmina Braga Fusco tem 62 anos e há 16 mora no Centro, sendo quatro no Copan. Gosta tanto do Centro que jamais viveria em outro lugar. "Minha filha mora no Aeroporto, mas não quero ir pra lá, porque aqui tenho tratamento Vip".

Quando chegou ao Copan, Maria Carmina estava extremamente triste já que tinha acabado de perder um filho. Mas dois elementos a fizeram melhorar: a vista que tem de seu apartamento e a bondade das pessoas. Ela ocupa um dos 640 apartamentos do bloco B (54,20% do total) e, como é localizado nas "costas" do prédio, no 12º andar, proporciona uma visão privilegiada da cidade. "O único problema são os helicópteros, que estão sempre filmando por aqui e também os urubus", reclama (do urubu e nem tanto das filmagens).
Além disso, Maria Carmina tem muita amizade com os funcionários do Copan, "os porteiros, o síndico, todo mundo me trata muito bem aqui, sempre vêm me ver pra conferir se estou precisando de alguma coisa". E isso não representa pouca coisa, são cerca de 120 funcionários, entre porteiros, seguranças, eletricistas, encanadores, encarregados da limpeza....
Muitos deles auxiliam Maria Carmina, que dá aulas de inglês no próprio apartamento pra não ficar só e se ocupar. A ajuda dos funcionários é necessária porque ela tem problemas cardíacos, falta de ar e pesa 137 quilos, o que faz com que ela saia muito pouco de seu apartamento. "Também evito sair por causa do preconceito, o pessoal da igreja principalmente sempre me xinga, é só eu passar lá que sei que vou ouvir alguém falando que vão cair as banhas".
O fato de nunca ter sido assaltada é outro motivo que faz Maria Carmina gostar ainda mais de morar no prédio. "O próprio bandido já me conhece, 'essa é do pedaço', eles falam". Em volta do Copan dormem muitos mendigos durante a noite e durante o dia o número de pedintes é grande. "Ah, mas quando esses meninos chegam perto, dou um ou dois reais e eles saem, que custa, né?!".
Maria Carmina relembra com saudade o tempo que passeava na Praça da República e quando se apresentava como solista e pianista, "mas ainda gosto muito de música, principalmente de clássica, adoro Ray Coniff". Em sua casa o toca-fitas nunca é desligado...e a porta nunca fechada. Uma mania que já a caracterizou no Copan. Maria Carmina convida suas visitas a voltar mais vezes, "não dá pra errar, a porta está sempre aberta!".