Checando o sol nascer

Imagine acordar às 4h da madrugada. Muita gente ainda está indo dormir, mas esta é a hora que William Cardoso sai para o trabalho. Morando em Guarulhos, toma café rápido e pega um ônibus em direção ao Copan. “Antes eu era salva-vidas na Praia Grande (SP), mas resolvi vir para a capital e acabei arrumando este trabalho de segurança no prédio. Não é difícil e o horário é bem tranqüilo.”

Ele fica das 5h30 até as 14h, monitorando o entra-e-sai na parte comercial e da administração do prédio. “Mas o melhor momento mesmo é ver o nascer do sol todos os dias da cobertura, da altura de 32 andares. Hoje não está tão bonito, por causa da poluição, mas tem dia que dá pra ver tudinho até os morros da Serra da Cantareira”, conta, fazendo vontade. Atualmente, a ala da cobertura não está aberta à visitação geral. Embora conte com uma pista de cooper para uso dos moradores, está fechada para a fase final das reformas –só falta terminar as escadas, segundo o síndico, Affonso Celso dos Prazeres. William faz a checagem da cobertura, “só pra ver se está tudo em ordem, é um trabalho de prevenção”, e depois desce para verificar o subsolo (a garagem) e o térreo. “A hora mais crítica é a do almoço, porque vem muita gente de fora comer e fazer compras no Copan. Pode dar confusão, mas não é comum, não, porque as pessoas já se conhecem.” Às 10 horas da manhã faz um intervalo: “Vou almoçar”. Mas tão cedo? “Não é cedo para quem acordou há seis horas. Já estou morrendo de fome! Eu saio daqui lá pelas 14h. Ainda dá tempo de pegar uma sessão de cinema.” Perguntado se não vai ao cinema no Centro, ele responde: “Já fui muito. Hoje vou ao do shopping Tatuapé. O esquema de lazer no shopping é mais seguro e confortável. E é um pulinho de metrô!” Apesar do dia seguinte ser puxado, quando está em casa, William não vai direto dormir. “Sou noveleiro, só durmo quando acaba a última novela”, diz, rindo.