Farofa com Rapadura

Olinda nunca pôde imaginar que um dia sairia da tranqüilidade de Guararapes, no interior do Paraná, para viver em uma metrópole como São Paulo.

A cabeleireira paranaense se orgulha em contar que se mudou para a capital paulista sozinha com seus três filhos pequenos. "Fiquei viúva aos 29 anos, então resolvi vir para cá mudar de vida. Trabalhei muito para criar esses filhos. Chegava a ficar mais de 12 horas por dia no salão tirando hora extra. Mas hoje tenho orgulho deles e de como me virei aqui nesta cidade". Desde a sua chegada a São Paulo, sempre trabalhou em salões de beleza, mas recorda que no passado tocava sanfona. "Lá no Paraná, toquei sanfona durante 12 anos com meu pai. Tenho vergonha de dizer que fui sanfoneira, mas gostava muito daquela época", relembra. "Apesar de ter tido emprego em um salão nos Jardins, já enfrentei ladrão dentro do salão, que passava a chave na porta e roubava tudo o que tinha lá dentro", diz, indignada. A convivência diária pelas ruas do Centro fez com que mudasse para essa região. Há oito anos mora no Edifício Copan, onde passou dois anos no bloco A e sete no C. "O Copan é ótimo, tem tanta coisa maravilhosa aqui. O povo fala mal se não conhece o Centro. Tem prostituição, tudo, mas em todo lugar tem. O único bloco mais bagunçado é o B. Lá é o bloco da farofa com rapadura", brinca. Ela tem 56 anos e hoje mora sozinha. É dona de um salão de beleza no piso térreo do Copan e adora São Paulo. "Meus filhos me chamam para morar no interior, mas eu gosto de movimento, de São Paulo, do metrô. Aliás, o metrô não é uma coisa maravilhosa?". Apesar de bastante exrovertida e simpática, Olinda recusou-se a tirar uma foto para ilustrar esse texto. "Ah, não, estou despenteada. Vem outra hora para tirar a foto", desconversa.