Para reviver um pouquinho do Centro visto pelos seus personagens.
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A Lenda da Loira
O edifício pelo qual circulam 5 mil pessoas e abriga cerca de 3 mil funcionários e 11 sedes de órgãos públicos durante o dia guarda muitos mistérios após o fechamento de suas portas.
"Dizem que ela não tem rosto, só se vê o cabelo - por isso a chamam de loira", conta José Luiz Braga, responsável pelo orçamento do almoxarifado do Edifício. "Teve gente que diz ter visto uma máquina de escrever funcionar e as portas baterem sem nenhum motivo", completa. "Essas coisas devem acontecer por causa das mortes que ocorreram aqui nos anos 50", comenta Braga.
A história que corre entre os funcionários do Edifício Martinelli - que tem saída para a Rua São Bento, para a São João e para a Líbero Badaró - é a de que há alguém da época da construção da mansão no 26 andar - datada de 1930 - rondando o prédio até hoje.
Visualmente muito deteriorado por fora e transformado em verdadeiro cortiço por dentro, há 5 décadas o Edifício Martinelli sediou estabelecimentos que sobreviviam do comércio miúdo, escondendo contrabando e escritórios de atividades obscuras, e acabou por se tornar um ponto de encontro de marginais. Não é de causar espanto que tenha sido cenário de muitas brigas e, como consequência, de algumas mortes.
"Quem reergueu o Prédio foi Olavo Setúbal, prefeito da cidade de São Paulo na década de 70", conta Braga - mais precisamente, em 1975. Nesse ano, o Martinelli passou por uma grande reforma, como parte de um processo de revitalização. A partir daí, seus "moradores" foram todos mandados embora, mas o glamour que o edifício tinha na época em que abrigou o Cine Rosário - com seus camarotes e poltronas de couro - nunca mais retornou.