Um guia de fé
Entrar na Catedral da Sé pode render bem mais que os sermões dos padres. Afinal “a cripta toda de bronze, que fica de baixo da capela-mor, tem 619 m² com sete metros de altura, lá estão enterrados os 16 bispos que já trabalharam na catedral, o Regente Feijó e o cacique Tibiriçá. O órgão, com cerca de 10 mil tubos, cinco teclados, cada um com 60 teclas, além dos 32 pedais, está no Guiness Book. Ele fica atrás das pilastras do altar-mor. Próximas do teto, todas as pilastras são ornamentadas por diferentes esculturas em alto-relevo das riquezas da fauna e flora do Brasil: cacau, café etc”. Esta é uma pequena amostra das informações que, numa tacada só –-sem um minuto de pausa para tomar fôlego-–, recebemos de Domiciano Alves, guarda que trabalha na proteção do interior da igreja.

“Descobri o ramo do turismo logo que comecei a trabalhar aqui, estudei um livrinho, que tem todos os detalhes da capela, e sirvo de guia local”. Segundo ele, a capela recebe cerca de 120 mil turistas estrangeiros entre janeiro e fevereiro. “Ganho muita gorjeta como guia porque eu apresento tudo, o guia deles só vai traduzindo. O outro guarda está aqui há mais tempo, mas ele acha muito difícil decorar essas coisas”, conta. Domiciano já foi, durante anos, policial militar na cidade do Rio de Janeiro. “Tive uns problemas lá e vim pra São Paulo, um amigo da minha família me convidou para trabalhar aqui. A convivência com os padres está fazendo bem pra minha cabeça. Antes era só pagode, bebida e mulher.”