Centro velho: início de uma potência

De certo modo, a vida profissional de Arzelinda Maria Lopes sempre esteve focada nas questões sociais. Pedagoga de formação, fez carreira na Prefeitura de São Paulo, lugar onde trabalhou por 17 anos ininterruptos. Coincidentemente, os locais de trabalho por onde passou durante todos esses anos estavam localizados na periferia da cidade.

“Trabalhei em São Miguel Paulista com a supervisão de cursos do Mobral. Em Santo Amaro, com cursos profissionalizantes e na Capela do Socorro, em creches”, diz. Porém, depois de tantos anos se dedicando a uma só área de atuação, Linda, como prefere ser chamada, concluiu que houve um desgaste muito grande na área social nas últimas duas administrações da Prefeitura paulistana. Um pouco desmotivada com o trabalho que vinha desenvolvendo há anos, se interessou pela idéia de trabalhar no Solar da Marquesa no serviço educativo de monitoria. “Uma amiga me falou de uma vaga para cobrir as férias de uma funcionária, daí resolvi começar algo novo. Depois disso fui efetivada para um trabalho definitivo. Essa foi a minha oportunidade de retomar o contato com o Centro, que para mim se define como o início de uma potência”, reflete. O Solar da Marquesa é considerado a última edificação construída em taipa de pilão. O lugar foi a residência da Marquesa de Santos por aproximadamente 30 anos. E essa construção só é preservada até hoje devido a importância dessa figura polêmica do Primeiro Reinado, que entre tantos feitos, foi amante de D. Pedro I e deixou em seu testamento os nomes de alguns de seus escravos. Há apenas quatro meses no Solar, Linda já vivenciou dois casos curiosos relacionados à marquesa. “Um dia, uma visitante que esteve aqui afirmou ter tido um "dejà vu", ou seja, teve a impressão de já ter vivido aqui no Solar. O segundo caso é mais curioso ainda. Há umas três semanas um homem tem ligado para cá com o objetivo de confirmar dados que comprovassem uma mensagem espírita enviada pela marquesa a ele. No conteúdo da mensagem a marquesa teria revelado a existência de um tesouro enterrado em Sorocaba, em umas das terras que já pertenceram ao Brigadeiro Tobias de Aguiar, marido da marquesa. Essa pessoa ligou para o Solar para saber mais sobre essa história. E é lógico que ele não encontraria aqui este tipo de informação”, relata Linda.