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Para reviver um pouquinho do Centro visto pelos seus personagens.

06/12/2025 26.28 ºC, São Paulo

Todo dia ele faz tudo sempre igual

Numa manhã de segunda-feira, num daqueles dias chuvosos em São Paulo, estava marcada a entrevista com o Seu Antônio, o marceneiro do Solar da Marquesa. Na segunda, o Solar fica fechado para o público porque é o dia da limpeza, mas para o marceneiro é só mais um dia de labuta. Antônio Dias Pinto é funcionário do Solar há 22 anos e, desde então, o que mudou em sua rotina de trabalho foi o percurso que faz todos os dias de sua casa na zona leste ao Centro da cidade. “Antes do metrô eu pegava um ônibus só até o Centro. Depois que abriram o metrô, o ônibus era até à Estação Tatuapé e, de lá, para a Praça da Sé. Depois, passei a tomar o trem e o metrô. Hoje pego a perua até a estação Guilhermina-Esperança. Faço isso para sair da rotina”, explica.

Filho único de mãe baiana e pai mineiro, o paulistano do Tatuapé conta que nasceu no Hospital Leonor Mendes de Barros, na Avenida Celso Garcia. Hoje, aos 49 anos, é pai de Liliana, a mais velha, de Clayton e Cássio. Entre o começo da vida, na Zona Leste e o atual trabalho, no Solar da Marquesa, grande parte da vida de Antônio se passou na região central de São Paulo. Apesar disso, o marceneiro que conhece muitas das ruas e das fachadas de prédios antigos, nunca pôde ou quis conhecer o interior desses lugares. “Conheço o Pátio do Colégio, o Teatro Municipal, o prédio do Correio, o Shopping Light, mas nunca entrei nesses lugares. O problema é a correria aqui no Centro; está cada vez mais agitado, é só passar pela Rua Direita ou pela Praça Ramos para ver”, afirma. No entanto, a vida rotineira que Antônio Dias leva não o incomoda porque trabalha naquilo que lhe dá prazer, como ele mesmo justifica. Desde adolescente é marceneiro e a quase solitária profissão se encaixa perfeitamente no perfil calmo e determinado que este senhor revelou. Por sugestão de Antônio, a foto tirada na entrevista teve o quadro do Parque D. Pedro como fundo. Foi ele quem fez as molduras para a exposição de fotos que o Solar promoveu há uns dez anos. E esse parece ser o seu maior orgulho.

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