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Para reviver um pouquinho do Centro visto pelos seus personagens.

06/12/2025 26.28 ºC, São Paulo

Nossa Casa

POUT-POURRI DE VIDAS

“Saindo aqui do Copan, é a sua segunda à direita e aí é só seguir tudo reto”, me explicam à porta do edifício de Niemeyer. Sigo meu caminho ruma a tal rua. Cruzo a Sete de Abril, passo a República... “A próxima à direita”, o moço havia me dito. Ah, perdão, incauto leitor. Nem disse aonde estou indo. Meu destino é o Viaduto do Chá, colado ao Teatro Municipal. Não teria como errar, se eu soubesse onde ficava. Como nunca tinha ido lá, resolvi perguntar. Foi como começou esta história. Bom, então como eu ia dizendo, dobrei à direita e caí (no bom sentido) na rua Barão de Itapetininga. Meca do comércio ambulante e da economia informal. Carro não passa, só os da ronda policial. Mal se entra nela, logo na esquina, quatro ou cinco carrinhos disputam o estômago –e o suado dinheirinho do mês— dos transeuntes. Se não enche a barriga, enche os olhos. Pois é, não foi desta vez que eu tomei coragem para comer algo da rua, embora me considere bem corajosa em relação a isso. Foi na volta, quando tomei uma refrescante água de coco. A diversidade enche a vista. É de uma variedade de aromas, cores e sons, que não há meio de não ser desperto com o mexe-mexe da rua... Andando se ouve: “Every breath you take, every move you make... Bom xibom-bom-bom-bom-bom-bom bom xibom-bom-bom-bom-bom-bom... Fui no pagode na casa do gago, e o rango demorou a sair.... “, e dez metros adiante: “Vou te pegar numa real, vou dizer que sou o tal, bater um papo no café, um papo de jacaré... Na casa de Deus eu encontrei meu eu.... Eu não quero dinheiro, eu só quero amar, só quero amar....” “E olha o coco! Olha o cachorro-quente! Olha a bolsa! (olhe a sua também). Quem vai querer cocada e acarajé!? Compro ouro! Compro passe! E óia a moça passando!” Mais buxixo de conversa, música andina ou latina e o relógio-despertador. Não tem como não parar para olhar alguma coisa, ou falar com a Dona Júlia dos badulaques para o cabelo ou como a baiana do acarajé, ou com o Seu Chafic do cartaz do ouro. “Óia o menino! Óia a frente! Tem gente querendo passar!” E a vida tentando continuar a andar... E o mundo a te levar....

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