O PRIMEIRO DIA DO RESTO DO NOSSO MÊS

Tudo pronto. Seis pessoas fingindo serem duas (para não desrespeitar o contrato) em uma quitinete. É domingo e até arrumarmos tudo já é noite. Bate a fome e saímos para procurar algum lugar para jantar. As ruas estão bem vazias e, vez por outra, passa um casal gay abraçado. "Aqui é liberado." Para não ter que procurar muito, vamos a um de nossos "vizinhos": o Café Ballon. A música ao vivo convida a entrarmos. Quem toca é o crooner Samuca. De guitarra em punho, pede para escolhermos seu repertório. A primeira música é um pagode conhecido, mas a exigência das poucas mesas ocupadas muda o ritmo para a MPB. Comemos pizza numa noite bem paulistana. O clima é de festa. Brindamos em nome de Oscar Niemeyer. Na volta, um rápido passeio nos revela uma outra pizzaria, esta bem mais barata, dentro do Edifício Copan. "É delivery, dá para pedir de casa." Voltamos ao apartamento e, horas de conversa e partidas de truco depois, adormecemos. Nossa primeira noite passada no Copan. Quem demora para se acostumar com o lugar e com os barulhos da nova casa olha para a noite estrelada e sonha com o sol batendo na janela desprovida de cortina. Cada janela, uma história. Várias histórias. Luzes que se acendem e se apagam. Será que alguém está pensando exatamente isso? São histórias como as sementes de abóbora: cheias de possibilidades...